Até então favorita para ocupar cargo no governo Jair Bolsonaro (PSL), a administradora Desire Queiroz ficou de fora da Secretária Nacional de Juventude do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Interlocutores da titular sinalizavam que Damares Alves temia “desgaste político” com a nomeação de Desire.
A Conselheira Estadual de Direitos da Mulher, muito elogiada, fez parte da equipe de transição do ministério e era vista com bons olhos pela militância, até que ela protagonizou polêmica nas redes sociais e acabou sendo rotulada de ‘esquerdista’ pelos próprios pares.
Isto porque ela, que disputou cargo de deputada estadual por Mato Grosso do Sul, em outubro, mas não se elegeu, saiu em defesa da vida, entre outras, da vereadora carioca Mariele Franco (PSOL), assassinada em março ao lado de seu motorista Anderson Gomes. A investigação leva a crer que ela foi morta por “atrapalhar” interesses de milicianos com sua atuação política na Câmara do Rio.
O recuo de Damares na indicação de Desire foi oficializada com a nomeação de Jayana Nicaretta da Silva (PP), que já foi a vereadora mais votada de Santa Catarina. “Só de estar entre os cotados já foi um reconhecimento da minha trajetória pela juventude, mas nunca houve um convite oficial”, disse ao Jornal Midiamax, lembrando que seu trabalho na equipe de transição foi lembrado pela nova ministra.
Durante sua passagem na liderança da equipe de transição da Secretaria, a jovem ajudou na elaboração de propostas para as áreas de Direito das Mulheres, Infância e Juventude, além de “questões estruturais” do novo governo. “Ela [Damares] disse que vou continuar fazendo parte da equipe”, completou, afirmando que seu lugar ainda é incerto. “Estou à disposição”, diz.
Polêmica
Na postagem em questão, com dizeres “preta ou branca, hétero ou LGBT, PM ou civil, direita ou esquerda. Toda morte me diminui e me incomoda”, também constava foto da policial Caroline Pletsch, morta por disparo de arma de fogo durante assalto em uma pizzaria na Zona Norte de Natal. Ambas mortes aconteceram em curto espaço de tempo e mobilizaram o país.
Sobre a polêmica, alimentada nas redes pelos próprios pares, Desire é clara e enfática. “Não importa se é de esquerda ou de direita, toda morte me diminuiu. Se vivemos em uma sociedade onde é necessário ficar explicando isso, fica complicado”, reclama, afirmando que recebeu muito apoio, inclusive de militares, após tornar-se alvo das críticas.
