Sexta fase da Lama Asfáltica visa contratos milionários de informática e dinheiro no exterior

A sexta fase da Operação Lama Asfáltica deflagrada nesta terça-feira (27) cumpre mandados baseada nas fases anteriores, que comprovaram remessas clandestinas de valores para o exterior feitas por proprietários de empresas de informática já investigadas. Os prejuízos causados, somando-se todas as seis fases da Operação consideradas as fraudes, valores concedidos irregularmente co…

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A sexta fase da Operação Lama Asfáltica deflagrada nesta terça-feira (27) cumpre mandados baseada nas fases anteriores, que comprovaram remessas clandestinas de valores para o exterior feitas por proprietários de empresas de informática já investigadas.

Os prejuízos causados, somando-se todas as seis fases da Operação consideradas as fraudes, valores concedidos irregularmente como benefícios fiscais e as propinas pagas a integrantes da Organização Criminosa passam dos R$ 432 milhões, segundo a Polícia Federal.

Contratos milionários

Entre 2012 e 2017, o conglomerado econômico que seria supostamente do empresário João Baird já recebeu pouco mais de R$ 792 milhões do governo de Mato Grosso do Sul, por serviços na área de TI (Tecnologia da Informação).

A força-tarefa do MPE-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) chegou a apontar as empresas Itel Informática, PSG Tecnologia Aplicada, Digitho Brasil Soluções em Software, atual Digix, e Mil Tec Tecnologia da Informação, como o ‘conglomerado’ ligado ao empresário que, juntas, fecharam contratos de quase R$ 800 milhões apenas nos últimos cinco anos e meio.

Dinheiro no exterior

O Jornal Midiamax revelou um dos supostos esquemas de envio de dinheiro para o exterior. Erros grotescos na operação do suposto esquema de lavagem que envolveria os dois maiores fornecedores do governo de Mato Grosso do Sul, João Amorim e João Baird, poderiam revelar como verbas públicas teriam sido dragadas dos cofres estaduais e federais por intermédio de obras e serviços contratados nas gestões estaduais anteriores e levadas para fora do Brasil.

Uma das ‘empresas’ supostamente usadas para montar uma rede de ‘shell companies’, ou seja, pessoas jurídicas criadas para confundir as autoridades e dificultar o rastreio de dinheiro remetido ao exterior, simplesmente não é encontrada nos registros da KvK (Kamer van Koophandel), órgão equivalente à junta comercial de Amsterdã. Mesmo assim, a Arklyleius Holdings C.V., constava nos documentos da Kamerof Participações Ltda como sócia de Elza Cristina Araújo dos Santos.

Elza por sua, vez, era sócia de João Amorim na Proteco Construções Ltda. Além disso, a própria Kamerof, apesar de ter na constituição uma companhia que a KvK garante não existir, foi sócia da Itel, do João Baird.

A equipe de reportagem do Jornal Midiamax verificou nas autoridades holandesas o registro da empresa Arklyleius Holdings C.V. e a resposta é taxativa. Não há dados sobre a empresa nem nas pesquisas feitas pelo nome e nem pelo registro informado na documentação da brasileira Kamerof Participações, que também indica endereço onde funcionam outras empresas. De acordo com as autoridades holandesas, a empresa não foi sequer registrada.

Com as verificações nos registros, o Jornal Midiamax entrou em contato com o serviço de consultas da KvK em ligação gravada para verificar todas as possibilidades que deixariam rastro da existência da empresa, como fechamento do empreendimento, mudanças no nome, ou outro tipo de registro. Não há nada que mostre a existência legal da Arklyleius perante a KvK holandesa.

Computadores de Lama

São cumpridos 29 mandados, sendo quatro de prisão preventiva e 25 de busca e apreensão, além do sequestro de valores nas contas bancárias dos investigados e empresas investigadas.

As cidades alvo da operação são Campo Grande, Jaraguari, Dourados e Paranhos. Ao todo, 100 policiais federais, 17 servidores da CGU e 33 servidores da Receita Federal participam da operação.

Em todas as fases da operação Lama Asfáltica, 57 pessoas foram denunciadas, entre elas o ex-governador do Estado André Puccinelli, que está preso desde julho deste ano em uma das fases deflagradas pela Polícia Federal.

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