Condenação de Lula divide opiniões de deputados estaduais de MS

Ex-presidente, em liberdade, pode recorrer da sentença

A condenação do ex-presidente Lula, a nove anos e meio de prisão pelos crimes corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso apartamento tríplex, no Guarujá (SP), que teria ganhado de uma empreiteira, anunciada nesta quarta-feira (12), divide opiniões entre os deputados estaduais de Mato Grosso do Sul. A bancada petista, por exemplo, acha que a sentença teve influência política e que Lula é inocente. Já um parlamentar do PSDB, que quis comentar o caso, disse ter enxergado a decisão e que isso deve ser aplicado a todos os partidos. O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) foi quem puniu Lula, que tem ainda como recorrer.

Cabo Almi, deputado do PT, disse que cabe recurso para contestar a decisão, e que vê a punição como represália política. “Quero ver dar o mesmo tratamento aos outros [políticos investigados]. Isso [condenação] é uma perseguição política. A verdade há de prevalecer [depois de o ex-presidente ingressar com recurso”, afirmou o parlamentar.

Já o deputado estadual Renato Câmara, do PSDB, viu a condenação por uma perspectiva. “Não [a condenação] é situação de A [partidos] ou B. É o momento de um problema generalizado. A ser combatido em todos os partidos. A campanha eleitoral do próximo ANO será o filtro”, declarou Câmara.

Os deputados da Assembleia de MS ficaram sabendo da decisão durante sessão na manhã desta quarta-feira (12). Na pressa de consultar a informação, acionaram seus celulares.

SENTENÇA

De acordo com o jornal O Globo, na ação que motivou a pena, o MPF (Ministério Público Federal) acusa Lula de ter recebido o tríplex da empreiteira OAS como propina por contratos obtidos pela OAS na Petrobras.

Apesar da condenação por ter sido o beneficiário da propriedade e reformas de um apartamento tríplex no Guarujá, Lula foi absolvido da acusação feita pelo Ministério Público Federal pelos pagamentos feitos pela empreiteira OAS para o armazenamento de parte do acervo presidencial.

O juiz Sergio Moro, informou o jornal,  considerou que existiram irregularidades no custeio, mas que não há prova de que ela tenha envolvido crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Para determinar a pena de nove anos, Moro considerou que Lula agiu com “culpabilidade extremada” uma vez que os crimes teriam ocorrido em razão de sua posição como presidente da República.

“O condenado recebeu vantagem indevida em decorrência do cargo de presidente da República, ou seja, de mandatário maior. A responsabilidade de um presidente da República é enorme e, por conseguinte, também a sua culpabilidade quando pratica crime”, sentenciou Moro.

Essa é a primeira vez que um ex-presidente da República é condenado por corrupção no Brasil.