Pedra reúne servidores para discurso eleitoral e confirma candidatura de Bernal

Publicamente, Alcides mantém conversa de ‘não sou candidato’

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Publicamente, Alcides mantém conversa de ‘não sou candidato’

Reuniões fechadas com servidores municipas e outros grupos desmontam o discurso do atual prefeito, Alcides Bernal (PP) de que não é candidato à reeleição. Na noite desta segunda-feira (25) foi a vez de agentes de saúde do município ouvirem secretários de Bernal em encontro fora do expediente em buffet particular.

No convite, foram informados de que a reunião tinha “objetivo de manter as negociações e outros interesses da categoria”. No local, no entanto, ouviram discurso eleitoral do ex-vereador Paulo Pedra (PDT), cassado por compra de voto, e ganharam jantar na companhia de outros cabos eleitorais do prefeito.

Segundo os servidores públicos municipais convidados, todos da área da saúde, eles foram informados que na reunião estariam presentes, além de Pedra, o secretário de saúde, Ivandro Fonseca e o prefeito. Bernal, no entanto, não apareceu.

“Até o presente momento temos conquistado inúmeros benefícios, depois de tanto tempo, que outros gestores nunca nos deram. Com essa atual gestão estamos negociando pessoalmente coisa que nunca houve, então, pessoal vamos comparecer, em massa, cada um fazendo a sua parte”, diz o convite em clima de campanha.

Mas, apesar do apelo, apenas uma dezena de servidores estiveram presentes. Marcada para começar às 18h30 horas, a reunião teve início por volta das 19 horas. Em discurso feito em primeiro pessoa, Paulo Pedra disse estar muito feliz com os projetos que vem realizando na gestão de Alcides Bernal. Aos poucos, a conversa foi mudando até que o atual prefeito se tornou o centro do assunto.

Em palavras semelhantes à de Bernal, Pedra relembrou aos agentes de saúde todos impasses ocorridos durante os quatro anos de mandato do atual prefeito. Citou, por exemplo, “o esquema de corrupção que se instalou na Câmara Municipal” para tirar Bernal da prefeitura. A frase costuma ser sempre utilizada pelo prefeito em suas agendas públicas.

Enaltecendo a gestão da qual faz parte desde que Bernal recuperou o cargo na Justiça, Pedra se referiu ao chefe como um “revolucionário” e disparou contra os ex-colegas vereadores. “O esquema de corrupção na Câmara acontecia nos tempos de Puccinelli e se estendeu na gestão de Nelsinho”, disse. Pedra foi vereador em cinco mandatos e nunca denunciou oficialmente esquema algum de corrupção enquanto esteve no legislativo.

Mesmo cassado por indícios de uso do poder econômico, Pedra defendeu a própria honestidade aos presentes entediados e utilizou o termo “mensalinho” para se referir a supostas tratativas que, segundo ele, aconteciam no legislativo campo-grandense. O político  negou que tenha aceitado dinheiro.

Sobre a época que estava na Câmara e nada fez contra as supostas ações contra Bernal, Pedra disse que ‘foi obrigado’ a conviver com tudo isso’. A conversa dele para o grupo reservado de servidores municipais antecipa em linhas gerais o discurso da campanha do PP pela reeleição.

Falou das Operações Coffee Break e Lama Asfáltica, falou de pontos fracos da pré-candidata do PSDB, Rose Modesto, como opção para o funcionalismo, identificando a tucana como “representante da classe que leva Campo Grande contra o desenvolvimento”.

O tom eleitoral ficou explícito quando Pedra disse aos presentes que o atual prefeito seria a melhor opção para os servidores. “Temos de dar continuidade aos projetos que estão acontecendo. Bernal é um homem bom e está empenhado em melhorar a cidade. Já o PSDB tem planos contrários e vai acabar privatizando tudo”, defendeu Paulo Pedra.

O tom de coordenador de campanha ficou ainda mais claro, quando Pedra começou a citar possíveis promessas. “Estamos recuperando ruas e Bernal tem todo um projeto de recapeamento para a cidade. Até o fim do ano, devemos entregas mais 40 ruas asfaltadas”. Planos para área da saúde e sobre reajuste salarial dos servidores também estiveram em pauta.

Nos planos eleitorais do grupo, além da reeleição de Bernal, está a intenção de “eleger entre 12 de 15 vereadores”, segundo mencionado na reunião. Entre os presentes, estava um agente de saúde que é contra a reeleição do prefeito. Sem se identificar, ele revelou ao Jornal Midiamax que reuniões como esta estão se tornando constantes, e que de certa forma existe pressão velada pela participação.

“Você recebe um convite, muitas vezes do chefe, dizendo que o prefeito e o secretário de saúde vai estar presente, e acaba se sentindo na obrigação de participar”, analisa. Apesar da suposta pressão, a reunião se limitou a uma dezena de servidores. “A maior parte está contra o projeto de reeleição, mas diante da pressão, alguns acabam indo para o lado do pepista”, alega.

Segundo o servidor, ao fim do encontro, foi servido  jantar aos presentes, informação que não foi confirmada pela reportagem. Sobre o caráter eleitoral do evento, ele diz não ter dúvidas. “Na reunião, foi apresentada a candidatura de um agente de saúde, com nome de Jeferson, como sugestão para vereador. O secretário de saúde, Ivandro Fonseca, apesar de chegar atrasado, estava na roda endossando a candidatura”, diz.

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