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Economia

Receio fiscal ofusca tom duro do Copom e devolve dólar a R$ 6,00

Receio fiscal ofusca tom duro do Copom
Agência Estado -
(Agência Brasil)

As incertezas fiscais domésticas e o avanço da moeda americana no exterior impediram que o real se beneficiasse nesta quinta, 12, do choque de juros promovido nesta quarta, 11, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do . Após um mergulho nas primeiras horas de negócios, quando furou o piso de R$ 5,90 e registrou mínima a R$ 5,8681, o dólar à vista ganhou força no restante do pregão e voltou a fechar acima do nível de R$ 6,00.

A derrocada do real se deu em meio a notícias sobre as negociações do pacote fiscal no Congresso, que acentuaram o risco de desidratação e redução da potência das medidas de contenção de gastos propostas pelo ministério da Fazenda. Esse movimento se deu em conjunto com a piora dos demais ativos domésticos, em especial avanço dos juros futuros longos, mais ligados à percepção de risco fiscal.

Operadores citaram também fatores técnicos que podem ter turbinado o dólar, como ajustes e realização de lucros, após o tombo da moeda ontem no fim da tarde e hoje pela manhã, e demanda pontual mais forte de importadores. Ontem, o dólar mergulhou na reta final da sessão e fechou em queda de 1,53%, em movimento que coincidiu com a informação de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passaria por novo procedimento intracraniano.

Após a R$ 6,0487, o dólar à vista perdeu parte do fôlego na reta final dos negócios e fechou em alta de 0,86%, cotado a R$ 6,0072. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para janeiro apresentou giro expressivo, acima de US$ 19 bilhões – que sugere mudanças relevantes de posicionamento dos investidores.

Lá fora, o índice DXY – termômetro do comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas fortes – apresentou leve alta, aproximando-se dos 107,000 pontos na máxima (106,962 pontos). As taxas dos Treasuries subiram após resultado acima do esperado da ao atacado nos EUA. A moeda americana subiu em bloco na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com o real como grande destaque negativo.

O economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa, afirma que após a reação inicial do mercado ao tom mais duro do Copom, a taxa de câmbio voltou a espelhar o desconforto com a questão fiscal, que tem caráter mais estrutural.

“As notícias de tramitação das medidas não foram boas, com mudanças em projetos de lei que tiram potência e efetividade do pacote. E o prazo para votação neste ano é muito apertado”, afirma Costa. “E mesmo que o governo consiga a aprovação, vai ter que adotar novas medidas mais à frente para cumprir as metas”.

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, se reuniu hoje à tarde com os relatores do plano fiscal no Congresso. Fontes ouvidas pelo Broadcast afirmaram que haverá mudanças em propostas relacionadas ao BPC e ao projeto que limita utilização de créditos para compensação de débitos tributários.

Ontem, o Copom elevou a taxa Selic em 1 ponto porcentual, para 12,25%, em um comunicado considerado duro. A decisão já era esperada por ala relevante do mercado. A surpresa ficou por conta da afirmação de que o comitê “antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”.

Em tese, juros mais altos aumentam a atratividade para operações de carry trade, que exploram diferença de juros entre países. Além disso, tornam mais custoso o carregamento de posições em dólar, o que deveria levar a desmonte de parte de hedge cambial e até de apostas contra a moeda brasileira.

“Deveríamos ver um movimento de apreciação do câmbio com o BC reforçando a âncora monetária. Mas o quadro fiscal está tão fragilizado que não há espaço para os prêmios de risco cederem”, afirma Costa, da Monte Bravo.

Pela manhã, o BC vendeu oferta integral de US$ 4 bilhões divididos em dois leilões de linha com compromisso de recompra. Operadores afirmam que a operação buscou suprir demanda de moeda à vista típica de fim de ano, quando as linhas para financiamento de comércio escasseiam e há remessas de lucros e dividendos ao exterior.

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