Diretora é acusada de coagir professores e alunos para votar no marido

Promotor chamou a PM para prender suposto enviado para tentar intimidar quem denunciava

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Promotor chamou a PM para prender suposto enviado para tentar intimidar quem denunciava

Relatos de coação por parte de uma diretora de escola pública em Anastácio, casada com um candidato a vereador do município, levaram um grupo de professores e alunos até o prédio do MPE-MS (Ministério Público Estadual) nesta quinta-feira (29). Enquanto tentavam apresentar denúncia, novos indícios de coação foram flagrados pelo promotor que recebia o grupo. 

O próprio promotor chamou a Polícia Militar para prender em flagrante um homem que teria sido enviado ao local para filmar os denunciantes, na tentativa de intimidar o grupo.

As denúncias envolvem o nome do candidato a vereador pelo PTdoB, Eduardo Carpejani e o de sua esposa, Eliane Carpejani, diretora da Escola Estadual Roberto Scaff. Uma aluna, que preferiu não se identificar, narrou o episódio ao Jornal Midiamax.

Segundo ela, a pressão, por parte da diretora está voltada aos alunos e professores de uma turma do noturno, do curso Normal Médio, que capacita estudantes de nível médio para atuar como docentes na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental.

“Para os alunos, ela é categórica em afirmar que, caso o marido dela não ganhe as eleições, todos irão ficar sem diploma. Aos professores, ela diz que vai tirar da escola, e ponto. Em resumo é isso. Ontem, por exemplo, teve uma palestra na escola e tinha santinho dele pra todos os lados, e o recado era esse, que é pra todo mundo votar nele”, diz a aluna.

Diante das ameaças, um grupo formado por três professores e cerca de 20 estudantes, procuraram a sede do Ministério Publico, para formalizar uma denúncia. “Não sei como ficaram sabendo que iríamos fazer isso, mas assim que chegamos, esse homem que aparece nos vídeos sendo preso, passou em um carro filmando todo mundo que estava ali aguardando para falar com o promotor”, diz a aluna. “Contamos isso ao promotor, ele foi lá, conversou com ele e pediu para entregar o celular. O homem recusou, discutiu com o promotor e acabou preso”, completa.

Todo relato da estudante é confirmado pela professora Eliane Ojeda. “Trabalho na escola desde abril deste ano, mas como não aceitei apoiar o candidato, me mandaram embora. Meu último dia de trabalho é o próximo dia 5. Ao me mandar embora, a diretora falou que eu estava sendo demitida por causa de reclamações de alunos, mas todos sabem que isso não é verdade”, conta.

A professora revela ainda, que até mesmo professores concursados estão sendo vítimas de coação por parte da diretora, e que um deles, inclusive, também foi ao MP denunciar o caso. Procurado, ele aceitou falar com o Jornal sobre as ameaças.

Vinícius Silva Feldens, de 37 anos, explica que trabalha na escola há dois anos e que o problema começou neste ano, quando ela assumiu a diretoria. “Ela acha que todo mundo é obrigado a votar no marido dela e fica fazendo ameaças. Sou concursado em um período, por 20 horas e convocado em outro. Ela fala que vai me tirar se o marido não ganhar. Isso não existe. Por isso, fizemos a denúncia”. O Portal da Transparência confirma que Vinícius é professor efetivo na escola. 

Outras duas alunas confirmaram os relatos apresentados. Tanto o professor, quanto os alunos que conversaram com o Jornal Midiamax, disseram que a professora Eliane, que teria sido demitida, nunca apresentou problema com alunos, e que a diretora “inventou” as reclamações, por ela não apoiar o candidato.

O promotor João Girelli é quem cuida do caso. A reportagem ainda não conseguiu contato com ele. Segundo os professores, ele ficou de falar sobre o caso, assim que o inquérito para investigações for formalizado. 

Questão política

A diretora Eliane negou que tenha coagido alunos ou professores a votar em seu marido, e também afirma que já procurou o MPE para denunciar quem a denunciou. Segundo ela, ao acusá-la de coação o grupo estaria tentando derrubar um projeto.

“É um direito meu de apoiar quem eu quiser, está na Constituição. Estou do lado do governador, esse é meu projeto, agora se ela (professora denunciante) está do lado do candidato opositor, entendo que é uma questão política”, afirmou Eliane.

Ela também negou que tenha demitido a professora que fez a denúncia de coação, afirmando inclusive que nem tem ido à escola por estar de licença. “Segundo eu ouvi, os alunos foram chamados para ir à promotoria sem saber porquê. Ela induziu os alunos, isso é crime”, frisa.

Segundo a diretora, que afirmou conhecer o homem preso em flagrante à pedido do promotor, mas não soube informar a razão de sua detenção, ela também revelou que teria sido ameaçada de morte por um cunhado da professora que a denunciou no MP, conforme recado recebido por meio de uma outra funcionária da escola, . 

Confira momento em que promotor chama PM para suposto intimidador (AQUI)

 

 

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