Em depoimento à Polícia Federal nesta segunda

O pecuarista Luiz Carlos Bumlai afirmou em depoimento à Polícia Federal nesta segunda-feira que esteve pelo menos três vezes com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano passado, mas que nunca discutiram a Operação Lava-Jato, e atribuiu à imprensa a “alcunha” que recebeu de “amigo do Lula”. Bumlai disse que o ex-presidente nunca viajou em seu avião, nunca esteve em algum de seus apartamentos no Rio de Janeiro e que foi uma única vez a uma de suas fazendas no Mato Grosso do Sul, em 2002, quando os dois foram aproximados pelo então governador do estado, conhecido como Zeca do PT.

Bumlai não soube explicar o motivo de uma das empresas da família, a São Fernando Açúcar e Álcool, ter transferido R$ 2 milhões em 2011 para a Legend Engenheiros Associados, uma das empresas de fachada de Adir Assad, condenado na Operação Lava-Jato por lavagem de dinheiro. Ele alegou que desconhece a movimentação e que ela tenha sido realizada a mando de seus filhos.

O empresário afirmou ainda que os saques em espécie realizados em sua conta pessoal eram feitos por seus funcionários e que a movimentação era feita por essa conta porque a tributação seria menor. O saque feito pelo policial militar Marcos Sérgio Ferreira, levado a depor na Lava-Jato, tinha como objetivo “sanar um problema que tinha com uma mulher que manteve relacionamento”.

Bumlai afirmou que o empréstimo feito no Banco Schahin serviria para a compra de uma fazenda e que nunca repassou recursos ao PT. Perguntado se Delúbio Soares, então tesoureiro do PT, esteve com ele numa reunião no banco, disse não se lembrar. O empresário disse que quando quitou o empréstimo com embriões de gado o Banco Schahim lhe apresentou para assinar um documento de confissão de dívida de R$ 60 milhões, mas que ele se recusou a assinar.

O empresário disse que não se recorda de o lobista Fernando Soares, o Baiano, ter pedido que falasse com Lula sobre a manutenção de Nestor Cerveró como diretor da área internacional da Petrobras, mas ressaltou de qualquer forma, o ex-presidente não fez nada para segurar o executivo na estatal, já que ele acabou deixando o cargo.

Bumlai disse que conhecia Baiano como grande empresário do setor de energia renovável e que o procurou quando tentava fazer o banco Schahin aceitar uma fazenda para quitar a dívida que tinha com a instituição, mas que o lobista lhe disse que a empresa era “muito difícil”. Negou ter conhecimento que Baiano intermediasse pagamentos de vantagens indevidas em negócios fechados com a Petrobras e que não conhecia Cerveró e o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, quando fez o contato.

Ele negou que Baiano tenha lhe pedido apoio para que a Petrobras contratasse a Schahim para operar o navio-sonda Vitória 10000 – um contrato de US$ 1,6 bilhão que teria servido, segundo delatores da Lava-Jato, para quitar uma dívida de campanha do PT.