Servidoras dizem que foram humilhadas por secretária de Alcides Bernal por serem índias

As indígenas registraram o caso na Polícia, e acusam Sedesc de demissões no Memorial do Índio para dar espaço a ‘brancos’. As duas dizem que Dharleng Campos de Oliveira teria gritado com elas e dito “mandar e desmandar” com aval do prefeito.

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As indígenas registraram o caso na Polícia, e acusam Sedesc de demissões no Memorial do Índio para dar espaço a ‘brancos’. As duas dizem que Dharleng Campos de Oliveira teria gritado com elas e dito “mandar e desmandar” com aval do prefeito.

No dia 22 de outubro, Tatiana Teixeira Areco e Leticia Mendes Nogueira, funcionárias de origem indígena do Memorial do Índio de Campo Grande, localizado na Aldeia Urbana Marçal de Souza foram chamadas pela área de recursos humanos da prefeitura e dispensadas de suas funções. No entanto, nenhum tipo de documentação foi assinada e, ao retornar ao local de trabalho para retirar as suas coisas, as indígenas alegam ter sido humilhadas.

Segundo elas, ao chegar no local sete pessoas as esperavam dizendo para que pegassem as suas coisas e “vazassem de lá agora”. As indígenas relatam que ao entrar no recinto para buscar seus pertences começaram a ser xingadas de palavras de baixo calão e também ouviram que “finalmente conseguimos expulsar as faxineiras do Memorial”.

De acordo com Leticia Mendes Nogueira, formada em Turismo e funcionária que havia sido desginada para tomar conta do Memorial, todo esse fato aconteceu por determinação da Secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico, de Ciência e Tecnologia e do Agronegócio, Dharleng Campos de Oliveira, que disse a elas que ela manda e desmanda com o aval do prefeito Alcides Bernal (PP).

Tatiana e Leticia dizem que no dia seguinte do ocorrido, 23 de outubro, elas foram novamente chamadas pela secretária de turismo com o intuito de se retratar. Ao chegar na prefeitura, elas relatam que foram humilhadas novamente, desta vez pela secretária.

“Ela gritava e falava que ela mandava ali e que iria ser do jeito dela e que ela foi nomeada pelo prefeito com secretária de turismo. Ela também disse que o prefeito tem conhecimento da situação e que não adianta ir atrás de apoio político para tentar intervir”, afirma Leticia.

Isso porque, segundo as mulheres, elas tentaram conversar com o vereador Cazuza. Quando ligaram no gabinete, relataram o que tinha acontecido e pediram para que Cazuza pudesse intervir por elas.

As indígenas revelam que foram expulsas do Memorial do Índio para serem substituídas por “gente branca”, e acusam a SEDESC (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e Agronegócio) de estar usando a comunidade indígena como atração turística, o que é contra o estatuto do índio.

Leticia ainda disse que a SEDESC toda a semana vai até o Memorial do Índio para pegar o dinheiro referente a entrada de turistas e venda de artesantos, mas não deixa os 10% que deveria ficar em caixa. Ela ainda revelou que as funcionárias de origem indígena foram proibidas de mexer com o dinheiro do Memorial.

“Me preparei por seis anos para cuidar do Memorial, enfrentei discriminação na faculdade pelo fato de ser indígena e mesmo assim tive forças para continuar e concluir o meu curso. E agora isso está acontecendo, é muito humilhante ter sido dispensada do jeito que nós fomos. Acredito que tudo isso está acontecendo por causa que nós reclamamos que o dinheiro para o Memorial não fica aqui”, se revolta a até então coordenadora do Memorial do Índio.

As indígenas alegam que além da humilhação, elas não assinaram a demissão, não receberam nenhum acerto referente ao desligamento delas de suas funções e foram ameaçadas pela chefe da área de recursos humanos da SEDESC, que disse que elas não deveriam falar para ninguém nada sobre o acontecimento. Elas registraram boletim de ocorrência contra as setes pessoas que elas acusam de terem humilhado-as na segunda Delegacia de Polícia de Campo Grande.

De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura, não houve demissão nem afastamento das duas indígenas dessa reportagem. Segundo o órgão, se as mesmas não estão comparecendo ao cargo desde o dia 22 de outubro, é por decisão pessoal e a administração irá tomar as medidas necessárias para solucionar essa questão.

No entanto, Leticia apresenta uma gravação da reunião do dia 22 de outubro, onde é possível ouvir que o órgão municipal não iria contar mais com os serviços delas.

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