Vereador Marcelo Bluma usa gabinete da Câmara como escritório do PV

Além de fax e telefone, assessores do parlamentar, pagos com dinheiro público, cumprem expedientes também para o partido

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Além de fax e telefone, assessores do parlamentar, pagos com dinheiro público, cumprem expedientes também para o partido

O vereador Marcelo Bluma, presidente em exercício do PV (Partido Verde) de Mato Grosso do Sul, usa a estrutura de seu gabinete, o de número 33, da Câmara dos Vereadores de Campo Grande, como uma espécie de sede de seu partido. Isso foi confirmado por ele próprio.

O presidente da Casa, Paulo Siufi, do PMDB, não soube informar se recorrer à estrutura da Câmara, mantida por verba pública, para cuidar de interesses partidários, é ou não ilegal, mas prometeu estudar a questão.

Já o procurador jurídico da Câmara, Fernando Miceno Pineis, disse que o uso de gabinetes dos vereadores para tratar de assuntos ligados às agremiações políticas, não é tratado no regimento interno do Poder Legislativo local, mas que, por solicitação de Siufi, iria apurar o caso logo.

Documentos protocolados pela direção do PV na Justiça Eleitoral sul-mato-grossense indicam que o partido teria como sede um imóvel situado na rua Bela Cintra, no bairro Tiradentes, onde mora um membro do PV. No papel, aparece ainda o telefone do diretório da sigla, o mesmo do gabinete do vereador Marcelo Bluma.

Numa chamada telefônica, gravada, a reportagem do Midiamax descobriu que, além do telefone, o PV recorre também ao fax e ao e-mail da Câmara para tratar de questões ligadas ao partido.

Marcelo Bluma, que preside o PV municipal, concorda que seu gabinete é, sim, uma espécie de “QG” do Partido Verde, ao comentar que “se alguém, por exemplo, quer se filiar ao partido, liga em meu gabinete”, afirmou.

Na prática, os servidores que atuam no gabinete de Bluma, mantido com as chamadas verbas indenizatórias destinadas aos 21 vereadores da cidade, cumprem expediente tanto para o parlamentar como para o Partido Verde.

Se um membro do partido quiser discutir algum plano político, ele liga ou vai até o gabinete e, lá, é recepcionado pelos assessores de Bluma. O gabinete é composto por quatro salas, uma delas ampla e que abriga umas dez pessoas que queiram se reunir.

Marcelo Bluma disse ainda que o fato de o seu gabinete servir de escritório do partido acaba “gerando uma sobrecarga em sua atividade parlamentar”.

“Há momentos em que a atividade parlamentar se confunde com as atividades partidárias, isso é natural”, admitiu.

Bluma sustentou também que o seu partido, dono de sete mandatos de vereadores em Mato Grosso do Sul, não recebe nenhum centavo do conhecido fundo partidário, dinheiro também público, repartido às siglas.

“Não porque o PV de MS não vá lá [Em Brasília, no caso] e peça o recurso, é que não veio nada mesmo, acabo administrando o partido com dinheiro do meu bolso”, garantiu. A sigla de Bluma não teria captado dinheiro porque o PV estadual não possui representantes no Congresso.

 

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