Número de acidentes de trabalho preocupa; falta preparo contínuo dos funcionários

Segundo Bombeiros, a maioria dos acidentes de trabalho acontece por desatenção e não uso de equipamentos obrigatórios

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Segundo Bombeiros, a maioria dos acidentes de trabalho acontece por desatenção e não uso de equipamentos obrigatórios

A incidência de acidentes de trabalho, especialmente que envolvem pessoas que desenvolvem suas atividades em local elevado preocupa autoridades que prestam socorro. Só na última semana foram registradas ao menos três ocorrências: um homem caiu de um andaime de seis metros, outro do primeiro andar de um prédio em construção e um teto de loja desabou enquanto operários desempenhavam suas funções.

Em todos os casos, os trabalhadores não estavam utilizando EPI (Equipamento de Proteção Individual) ou faziam uso em desacordo com as normas. O tenente coronel do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, Joilson Santos de Paula, destaca que a maioria dos acidentes de trabalho acontece por desatenção, não uso dos equipamentos obrigatórios para cada função, despreparo para identificar riscos e ainda falta de um treinamento contínuo dos funcionários por parte das empresas.

Segundo o coronel de Paula, a maioria das empresas compra equipamentos de segurança e passam informações de como usá-los, porém os funcionários acabam saindo do emprego e novos contratados não passam por processos contínuos de atualização. “Nós, do Corpo de Bombeiros, damos como orientação aos empresários para que façam uma política de reciclagem, com novos treinamentos, mesmo que não haja rotatividade de funcionários. Não é chover no molhado, mas uma garantia para os dois lados”, ressalta.

Ricardo Maidana, que atua como instrutor no ramo de segurança, primeiros socorros e brigada de incêndio, faz uma revelação ainda mais preocupante. Segundo ele, alguns empresários bancam capacitação para os funcionários, porém não trocam os equipamentos de segurança quando estes estão desgastados. Em outros casos, o proprietário participa de cursos de atualização e para “economizar” acaba ele mesmo passando o que aprendeu. “É um erro fazer isto porque o instrutor é quem tem preparo teórico e prático para repassar. Ele estudou para isto, tem autorização, prática e didática”, frisa.

Além da construção civil, outro ramo que requer bastante atenção é do de comércio em geral. “Quando acontece um incêndio, nem os donos nem os funcionários sabem como proceder. Não há sinalização dos locais mais vulneráveis, saída de emergência, sinalização nas escadas, noções de primeiros socorros, extintores funcionando. Tem gente que pensa que fazendo um seguro é suficiente, mas e os ricos de seqüelas ou até o valor de uma vida?”, questiona.

O instrutor Antônio Marco trabalha com segurança em local elevado há mais de 15 anos. Ele conta que muitos funcionários que trabalham por vários anos na mesma função passam a acreditar que “sabem tudo” porque nunca sofreram um acidente no trabalho. “Quando um empresário contrata a empresa que presta serviço, pensa que vai apenas “cumprir tabela” para constar nos livros que capacitou, mas quando o pessoal chega para o curso prático e teórico, em quase 100% dos casos, saem surpresos com os riscos que corriam antes da capacitação. Além disso, atualização contínua é necessária para o dever não cair no esquecimento”, diz.

Marcelo Gimenez tem uma empresa de telecomunicações que instala antenas para internet via rádio e manutenção de torres. Ele é um exemplo de empresário que investe na atualização de seus funcionários. Na última capacitação que ofereceu para um grupo de cinco trabalhadores, o empresário percebeu que passaram a ter mais motivação no trabalho e preocupação com a própria segurança. “Eles voltaram bastante motivados, com os vídeos, depoimentos, e parte prática que tiveram”, diz.

O empresário revela que não trabalha com peridiocidade para oferecer treinamento aos funcionários, mas busca observar a necessidade. “Com o passar do tempo, e é normal, acabam meio que relaxando e é nesta hora que a gente enquanto responsável tem que agfir e buscar profissionais especializados

Outros locais de risco

Além dos acidentes de trabalho em local elevado, outros locais campeões de acidentes de trabalho são o frigoríficos, pois os funcionários lidam com objetos cortantes (facas, serras). Segundo dados do Ministério do Trabalho em Mto Grosso do Sul, em 2008 foram 61 óbitos, principalmente no setor frigorífico, rural, construção e de serviços. A maioria desses acidentes é por conta de falta de atenção e uso adequado de equipamentos de segurança e instrumentos de trabalho.

Segundo levantamento do Corpo de Bombeiros, só em Campo Grande de janeiro a agosto deste ano foram registrados 55 acidentes de trabalho que aconteceram em diversos setores.

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