Tragédia anunciada: policiais já teriam sacado armas em audiências antes de morte de Caetano

Conciliadores eram orientados a não registrar boletim de ocorrência

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(Reprodução)

Uma tragédia anunciada, segundo testemunhas que prestaram depoimento no caso do assassinato do empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, morto com três tiros durante uma audiência de conciliação no Procon, em Campo Grande, no dia 13 deste mês.

De acordo com uma das testemunhas, que seria funcionária do órgão, por várias vezes policiais já entraram armados durante audiências de conciliação sacando suas armas, na tentativa de resolver pendências dentro do órgão. 

Ainda de acordo com os relatos, os conciliadores eram orientados a não registrarem boletins de ocorrência sobre os casos ou registrar em termo de audiência os fatos ocorridos, e o medo imperava a cada audiência. A testemunha ainda disse na delegacia que era previsível que algo pudesse ocorrer diante das reclamações dos conciliadores. 

Alguns relatos são de que em outras conciliações policiais da Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo), delegacia que funciona junto ao Procon, já tiveram de intervir em brigas entre as partes dentro do órgão. 

Quando Caetano foi assassinado por três tiros, todos que estavam no local passaram a gritar assustados e outras pessoas passaram a chorar dentro do Procon. Ao ver o que tinha ocorrido, um dos funcionários do local acionou a polícia primeiro e depois o Corpo de Bombeiros.  

Assassinado por R$ 630

Caetano foi assassinado quando cobrou do policial militar reformado, José Roberto de Souza, o valor de R$ 630 da troca de óleo que havia ficado pendente após o serviço em sua caminhonete ter sido refeito, já que o motor tinha dado problemas. No momento da cobrança, o policial se levantou da cadeira e perguntou “Como você quer que eu pague?”, e deu os tiros no empresário, que morreu no local.

Era a segunda audiência de conciliação, sendo que a primeira tinha ocorrido no dia 10, última sexta-feira. Na primeira audiência, os ânimos se acirraram, assim como na segunda, mas tudo parecia controlado até o crime ser cometido. 

Uma funcionária, de 45 anos, relatou o momento de desespero. Segundo ela, na hora havia muitos clientes e servidores no local. “Foi tudo muito rápido. Escutei uns três ou quatro disparos. Começamos a entrar debaixo das mesas. Foi desesperador. O nosso medo era de ele sair atirando em todo mundo”, relatou.

Ainda segundo ela, apesar da sala ser aos fundos de onde ocorreu o crime, não viu a hora que o atirador saiu e passou por ela.

Falhas na segurança

Falhas de segurança no Procon, em Campo Grande, deverão ser apuradas após o assassinato do empresário Antônio Caetano de Carvalho, de 67 anos, segundo Patrícia Cozolino, Secretária de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos. O empresário foi morto com três tiros na cabeça.

Segundo Patrícia, a secretária executiva de Brasília do Procon deve vir a Campo Grande para apurar possíveis falhas. No momento do crime, havia quatro seguranças patrimoniais no local.

Ainda segundo a secretária, a triagem será reforçada e será estudado se existe a necessidade de instalação de detector de metais na entrada. De acordo com Patrícia, o autor entrou na sala de audiência nesta segunda (13) para buscar um documento que havia esquecido na última sexta-feira (10), após não ter êxito na audiência. 

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