‘Só mais uma discussão no trânsito como acontece diariamente’, diz Videira sobre briga de ex-delegado-geral

Secretário da Sejusp-MS acredita que tiros no trânsito tiveram ‘repercussão muito grande’

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Carlos Videira
Carlos Videira

Durante a posse do novo delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, na manhã desta terça-feira (22), na Governadoria, em Campo Grande, o secretário da Sejusp-MS (Secretária de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul), Antônio Carlos Videira classificou os tiros dados no trânsito por Adriano Garcia como “só foi mais uma discussão no trânsito como acontece diariamente”.

A frase foi dita quando o secretário tentou justificar os tiros disparados no trânsito por Adriano contra o carro de uma jovem de 24 anos. De acordo com o titular da Sejusp, o caso não teria tomado ‘grande repercussão’ se ele não fosse um delegado de polícia, e que brigas no trânsito são comuns na cidade.

Segundo Videira, se Adriano Garcia não fosse delegado, a discussão com perseguição e três tiros disparados por ele não teria toda a repercussão na sociedade. 

“[O caso] Vai ser apurado com o máximo de transparência e aquela conduta que eventualmente caracterizar abuso de poder ou infração administrativa vai ter sua reprimenda. Então, não estamos isentos à lei porque somos policiais. Muito pelo contrário, somos muito mais cobrados. Talvez a discussão de trânsito não tivesse gerado tudo aquilo, seria só mais uma discussão no trânsito como acontece diariamente. Porém, envolvendo uma autoridade, envolvendo o delegado-geral, houve aquilo tudo”, declarou.

Após o episódio, Adriano Garcia Geraldo é investigado por abuso de poder. São duas investigações que correm paralelas, uma administrativa por se tratar de agente da segurança pública e uma pela Polícia Judiciária, após os tiros dados contra o carro da jovem de 24 anos, na última semana em uma briga de trânsito que acabou em perseguição na Avenida Afonso Pena.

Ainda segundo o secretário, Adriano irá para o Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança Pública), onde irá participar de um projeto de modernização da rádio comunicação. Adriano pediu dispensa do cargo, na última sexta-feira (18), após o episódio, alegando em ofício: “Considerando que por questões de cunho pessoal e familiar, opta por colocar à disposição de Vossa Excelência a função em apreço, cujos motivos que ensejaram a presente tomada de decisão serão esclarecidas pessoalmente em momento oportuno”. 

Briga no trânsito

A versão registrada na delegacia admite que tudo começou após uma briga de trânsito. Na versão da ocorrência, foi confirmado que Adriano buzinou após ser ‘fechado’ e que a motorista de 24 anos teria ‘mostrado o dedo’ após levar a buzinada. O histórico afirma que o delegado atirou duas vezes depois que ela já tinha parado o carro, e um dos disparos quando ela tentou fugir. 

Segundo a versão da Polícia Civil, Adriano teria atirado porque achou que a jovem, mesmo com o carro trancado pelo carro dele, estaria “virando o volante para o lado dele e engatando ré”. No entanto, pouco antes, ele mesmo diz que não sabia quantas pessoas poderiam estar no carro porque tinha insulfilm, ou seja, contraditoriamente, diz que não seria possível ver o interior do veículo.

Durante o atendimento da ocorrência dos disparos feitos pelo delegado-geral, os policiais que atenderam à ocorrência do chefe recolheram a memória de uma câmera que ela tinha no para-brisa do carro, e o celular da jovem.

A motorista garante que, nas filmagens, poderia provar que o delegado-geral a perseguiu sem se identificar logo após se irritar em uma desinteligência de trânsito. “Simplesmente mostrei o dedo para ele porque meu carro afogou e ele buzinou. Eu não tenho bola de cristal para saber que ele é delegado”, disse a jovem.

 

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