Durante a posse do novo delegado-geral Roberto Gurgel, na manhã desta terça-feira (22), em Campo Grande, na Governadoria, o secretário de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Antônio Carlos Videira, afirmou que Adriano Garcia Geraldo será investigado por abuso de poder. O laudo com as perícias feitas deve ficar pronto em 30 dias. 

Segundo Videira, são duas investigações que correm paralelas: uma administrativa por se tratar de agente da segurança pública e uma pela Polícia Judiciária, após os tiros dados contra o carro da jovem de 24 anos, na última semana em uma briga de trânsito que acabou em perseguição na Avenida Afonso Pena.

Ainda segundo o secretário, Adriano irá para o Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança Pública), onde irá participar de um projeto de modernização da rádio comunicação. Adriano pediu dispensa do cargo, na última sexta-feira (18), após o episódio, com a seguinte alegação em ofício: “Considerando que por questões de cunho pessoal e familiar, opta por colocar à disposição de Vossa Excelência a função em apreço, cujos motivos que ensejaram a presente tomada de decisão serão esclarecidas pessoalmente em momento oportuno”. 

Nesta terça-feira (22) tomou posse como novo delegado-geral, Roberto Gurgel, que ainda não teve sua nomeação publicada oficialmente em Diário Oficial do Estado. 

Briga no trânsito

A versão registrada na delegacia admite que tudo começou após uma briga de trânsito. Na versão da ocorrência, foi confirmado que Adriano buzinou após ser ‘fechado’ e que a motorista de 24 anos teria ‘mostrado o dedo’ após levar a buzinada. O histórico afirma que o delegado atirou duas vezes depois que ela já tinha parado o carro, e um dos disparos quando ela tentou fugir.

Segundo a versão da Polícia Civil, Adriano teria atirado porque achou que a jovem, mesmo com o carro trancado pelo carro dele, estaria “virando o volante para o lado dele e engatando ré”. No entanto, pouco antes, ele mesmo diz que não sabia quantas pessoas poderiam estar no carro porque tinha insulfilm, ou seja, contraditoriamente, diz que não seria possível ver o interior do veículo.

Durante o atendimento da ocorrência dos disparos feitos pelo delegado-geral, os policiais que atenderam à ocorrência do chefe recolheram a memória de uma câmera que ela tinha no para-brisa do carro, e o celular da jovem.

A motorista garante que, nas filmagens, poderia provar que o delegado-geral a perseguiu sem se identificar logo após se irritar em uma desinteligência de trânsito. “Simplesmente mostrei o dedo para ele porque meu carro afogou e ele buzinou. Eu não tenho bola de cristal para saber que ele é delegado”, disse a jovem.