Começaram nesta segunda-feira (11) as audiências do caso que terminou com o assassinato do indígena Clodiode Aquileu Rodrigues de Souza, ocorrido em 2016 na cidade de Caarapó, localizada a 273 quilômetros de Campo Grande. No dia do crime, mais seis indígenas ficaram gravemente feridos, entre eles um adolescente de 12 anos, no que ficou conhecido como o “Massacre de Caarapó”.

A primeira audiência teve início às 9 horas e a segunda está agendada para o dia 24 de janeiro. Durante estes procedimentos, são realizadas as oitivas das testemunhas de defesa, testemunhas de acusação, vítimas e interrogatório dos réus.

A denúncia foi feita pelo MPF há mais cinco anos mas, diante da morosidade na tramitação, o órgão pediu à 1ª Vara Federal de a inclusão dos processos criminais relativos ao fato na lista de processos com prioridade de julgamento. Em seguida, a petição foi enviada como pedido de providências à corregedoria do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e à Comissão de Direitos Fundamentais do (Conselho Nacional do Ministério Público), além de setores de controle interno do MPF.

O Ministério Público explica que a 1ª Vara Federal de Dourados recebeu o pedido de providências encaminhado pelo CNJ em outubro do ano passado. 

Um indígena assassinado e seis feridos

As investigações da Força-Tarefa Avá Guarani, do MPF, apontam que cinco proprietários rurais organizaram, promoveram e executaram o ataque à comunidade Tey Kuê no dia 14 de junho de 2016. Cerca de 40 caminhonetes, com o auxílio de três pás carregadeiras e mais de 100 pessoas, muitas delas armadas, retiraram à força um grupo de aproximadamente 40 índios Guarani-Kaiowá de uma propriedade ocupada por eles.

O indígena Clodiode Aquileu Rodrigues de Souza foi assassinado com um tiro no abdômen e outro no tórax. Outros seis indígenas, inclusive uma criança de 12 anos, foram atingidos por disparos e ficaram gravemente feridos. Dois índios sofreram lesões leves e a comunidade foi constrangida violentamente a deixar a área, segundo denúncia.