Flagrado com carta de tom terrorista, Gibi do PCC dividiu cela com especialistas em explosivos
Facção tem arquivo com nomes de autoridades que podem ser alvo de atentado
Thatiana Melo –
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Mesmo após laudo concluir que o bilhete encontrado com Guilherme Azevedo, conhecido como Gibi do PCC (Primeiro Comando da Capital), tinha sido escrito por ele, o membro da facção criminosa insiste em relatar que foi alvo de uma armação. No bilhete apreendido, nomes de autoridades da segurança pública e do judiciário figuravam como alvos para ataques em Mato Grosso do Sul.
Em depoimento após o flagrante do bilhete interceptado pela direção do Presídio Gameleira de segurança máxima de Campo Grande, em maio deste ano, Guilherme negou que estivesse escondendo a carta que tinha tom terrorista e instruções para a fabricação de bombas.
O bilhete passou por perícia e teve o resultado anexado ao processo, no dia 27 de setembro deste ano.
Gibi do PCC relatou que não estava com bilhete algum e que tudo não passa de uma armação contra ele. O membro da facção ainda falou que não foi feita revista nele e que não sabe a quem pertence o bilhete. Segundo a denúncia do MPMS (Ministério Público Estadual), os agentes penais e um delegado de polícia prestaram depoimento confirmando os fatos.
Segundo os agentes penais, Guilherme estava no pavilhão I destinado a presos de facção criminosa. Os dois agentes confirmaram o achado do bilhete. O delegado de polícia relatou que chegou ao seu conhecimento que na cela onde estava Gibi do PCC havia outros membros da facção.
Gibi do PCC, inclusive, já teria sido liderança da facção no Estado e na cela onde estava havia membros com posição hierárquica superior a Guilherme. Ainda na cela estavam detentos especialistas em explosivos. Por fim, o MPMS pediu pela condenação de Gibi do PCC nos termos da denúncia.
Trechos da carta
Em um trecho da carta, o integrante do PCC diz: “Falam umas ideia na rua.. estão represália no sentido do secretário de segurança do estado [sic] […] raiva de promotor de justiça, raiva de justiça e da polícia. Se puder, vou ceifar todos como fiz com o Junior”.
O presidiário também confessou, no texto da carta, um homicídio cometido há 7 anos. Ele cita apenas o nome da vítima, que seria Junior. Em outro trecho da carta, Guilherme relata que o pedido de transferência feito pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) foi aceito pelo Ministério Público.
Relatório da Polícia Civil classifica que o manuscrito possui trechos terroristas, atentatórios à estabilidade das instituições constituídas, fazendo referência hostil ao Dracco, Sejusp, Ministério Público, Poder Judiciário e polícias em geral, motivados pelo inconformismo com a notícia do requerimento de sua remoção para presídio federal.
1º bilhete encontrado com instrução de bomba
Após um princípio de motim no dia 30 de maio, no Presídio de Segurança da Gameleira, em Campo Grande, foi descoberto um suposto plano de ataque à Polícia Militar e Civil de Mato Grosso do Sul, com instruções até de como se fazer bombas, guardadas com um membro do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Tudo estava escondido em um bilhete, dentro da costura do short de um dos detentos, identificado como Guilherme Azevedo dos Santos, de 29 anos, encarcerado em uma das celas do pavilhão I. Ele é apontado pela polícia como membro da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
No bilhete, havia instruções para que os ‘irmãos’ de facção se unissem para atacar os policiais militares, e policiais civis que estariam atacando os membros da facção de Caarapó e da região. Ainda no bilhete havia escrito: “vamos montar um tabuleiro e matar no ninho”.
Ainda segundo as instruções do bilhete, era para que as delegacias fossem monitoradas e, assim, os batalhões atacados com bombas, ‘matando no ninho’. Instruções para como fazer a bomba estavam listadas. Ao final, o detento avisa que outras instruções seriam ‘passadas logo’. Guilherme já foi preso três vezes por tráfico de drogas, tentativa de homicídio e receptação.
PCC tem arquivos em pen drive de autoridades no Brasil
O nome de pelo menos 2 mil agentes públicos em todo o Brasil está em poder da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em pen drives escondidos em Mato Grosso do Sul, São Paulo e na Bolívia, segundo o colunista Josmar Zozino do Portal UOL.
Nos pen drives estão nomes de juízes, promotores de Justiça, delegados das Polícias Civil e Federal e policiais penais de vários estados do país. Ainda segundo Josmar Zozino ao menos 11 nomes mencionados na lista vêm sofrendo ameaças de morte do PCC nos últimos meses. Os possíveis atentados seriam em represália à permanência da liderança da organização criminosa em presídios federais.
Os pen drives foram distribuídos para os líderes da facção que ainda estão em liberdade. Os relatos apontam que o PCC estabeleceu prazo até o dia 25 de janeiro de 2023 para a liderança do grupo ser removida de volta para presídios paulistas.
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