Durante audiência de custódia nesta terça-feira (11) dois dos três envolvidos na execução de Rodrigo de Mendonça Rosa, de 30 anos, tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva. O último, de 38 anos, que seria o motorista da caminhonete, por ter bons antecedentes, moradia fixa e emprego lícito, teve a liberdade provisória concedida, com medidas cautelares e tornozeleira eletrônica.
O trio foi preso em flagrante logo após o assassinato de Rodrigo. Dois deles estavam em uma caminhonete Ford Ranger preta, enquanto outro, de 23 anos tentava ‘negociar' a compra da motocicleta da vítima.
O passageiro da caminhonete desceu e atirou na vítima. Em seguida o suposto comprador também atirou na vítima na caída ao solo.
Foi determinado ainda durante audiência que seja fornecido o botão do pânico para a esposa da vítima.
Prisão
Uma das testemunhas parou uma viatura da Polícia Militar e informou que os autores seriam três homens que estavam em uma caminhonete Ranger preta. Ao serem encontrados, iniciou uma perseguição.
Durante a fuga, os autores jogaram um objeto metálico pela janela, que não foi localizado. Depois da abordagem foram localizadas quatro munições calibre .38 no bolso do autor de 23 anos, R$ 956 e a chave de uma motocicleta. Já com o autor de 36 anos foi localizado R$ 450 em espécie.
No console do veículo foram encontradas outras duas munições do mesmo calibre. Questionado sobre o homicídio, o trio não quis dar qualquer informação à polícia. Eles foram presos e levados para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro.
Câmeras de segurança das imediações confirmaram o relato da esposa da vítima. Na delegacia, foi constatado que o autor de 23 anos estava foragido do sistema prisional de Goiás desde 2020. Eles vão responder por homicídio qualificado por traição ou emboscada.
Mais envolvidos
Segundo uma testemunha, o motorista da caminhonete Ford Ranger preta seria o mesmo da Ford Ranger branca, encontrada incendiada no anel viário entre as saídas de Cuiabá e Rochedinho, próximo ao bairro onde o crime ocorreu.
A investigação ainda aponta que dois ocupantes da Ranger branca teriam chegado ao bingo, em uma conveniência e, apesar de terem comprado as cartelas, pareciam “cuidar” a vítima e tampouco fingiam que estavam marcando os números. Eles teriam ficado no local por cerca de 30 minutos e se aproximado da caminhonete falando ao celular. Em seguida, saíram do local.
Após cerca de 10 minutos, eles teriam retornado, parado próximo à conveniência, mas permanecido no carro. Nesse momento, um terceiro rapaz teria chegado ao local e alegado que iria ver a motocicleta. Ele teria combinado com a vítima de irem até a casa de um amigo, onde estava a moto que Rodrigo iria vender.
Ele deu algumas voltas com a motocicleta e depois estacionou a moto em frente à casa, tendo a Ford Ranger preta parado logo atrás. Em seguida, o passageiro da camionete desembarcou e começou a disparar contra Rodrigo.
A esposa da vítima ainda teria pedido ajuda ao suposto comprador para salvar a vida do marido, mas o homem também disparou, contra a cabeça de Rodrigo, quando ele já estava ferido ao solo. Em seguida, os três autores fugiram na Ranger preta, e após a morte da vítima, outros indivíduos apareceram novamente pelo local, passando duas vezes na Ranger branca, provavelmente para conferir se ele havia morrido.
Veículo incendiado
Uma Ford Ranger foi encontrada incendiada no macroanel de Campo Grande, entre as saídas de Cuiabá e Rochedinho. A Polícia Civil investiga se o veículo pode ter sido usado na fuga de outros dois criminosos, suspeitos do homicídio.
A caminhonete tem as mesmas características da descrita por testemunhas que presenciaram o assassinato de Rodrigo – sem placas e modelo Ford Ranger. Segundo o delegado Gabriel Desterro, plantonista da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro, a caminhonete foi abandonada no local e queimada.
Ainda conforme o delegado, o veículo estava em uma ‘estrada cabriteira' e foi possivelmente escolhida pelos suspeitos por ser uma rodovia estadual não monitorada – a Rodovia Ricardo Trad. A Ford Ranger será levada para o pátio da Defurv (Delegacia Especializada em Roubo e Furto de Veículos).
Guerra de facções
Depoimentos prestados nas investigações do homicídio de Rodrigo de Mendonça Rosa, de 30 anos, apontam que ele pode ter morrido devido a um suposto envolvimento com facção rival do PCC (Primeiro Comando da Capital), o CV (Comando Vermelho).
Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, Rodrigo estaria negociando a motocicleta com um interno da PED (Penitenciária Estadual de Dourados), horas antes do crime, no bingo em que participava com a esposa e amigos.
Depoimentos revelam que a vítima estaria recebendo ameaças constantes de integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), que estariam desconfiando que ele pudesse ser faccionado ao CV (Comando Vermelho), facção rival. Entretanto, familiares e amigos negaram que ele fizesse parte de qualquer um dos dois.
A polícia também apura o suposto envolvimento da vítima com tráfico de drogas ou armas, mas segundo o delegado, são necessários mais elementos comprobatórios.
