Peça-chave em relatório do (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) sobre a Sintonia dos Gravatas do PCC (Primeiro Comando da Capital) em Mato Grosso do Sul, advogado tinha fontes para conseguir dados sigilosos. Com servidores da Defensoria Pública e até funcionária de empresa de telefonia, ele obtinha informações privilegiadas que beneficiavam as ações em que atuava.

Assessor jurídico da Defensoria, citado em relatório do Gaeco, opinava a respeito de valores cobrados pelo escritório do advogado, para prestação de serviços, e inclusive elaborava documentos e procurações. Ele também fazia consultas a cadastros públicos, como o CADSUS, sistema interno do local onde trabalha.

As informações obtidas seriam de interesse do advogado. Além disso, o advogado também conseguia informações sigilosas de empresas de telefonia celular através de uma funcionária do setor administrativo, que conforme consultado em página pessoal, atua há mais de 10 anos no mesmo local.

Através dela, o advogado conseguia números de telefone e cadastros de pessoas físicas. Outro servidor da Defensoria apontado no relatório do Gaeco fazia consultas ao banco de dados do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) para o investigado. É apontado assim que o advogado, com “auxílio de terceiros, sistematicamente violaria o sigilo de dados de pessoas diversas, no Estado de Mato Grosso do Sul, para atender interesses pessoais”.

O Midiamax também já noticiou que um policial penal auxiliava o advogado. Em uma das ações, o servidor público teria agido a favor do advogado e o cliente, que estava preso. O policial penal teria articulado, em exame criminológico — de progressão de regime — a obtenção de um parecer favorável para livramento condicional do preso. Assim que conseguiu sair, o preso foi jantar e tomar um chopp com o policial penal e o advogado.

Operação Courrier

Alvos foram presos e levados para o Garras (Foto: de França, Midiamax)

Conforme as informações do relatório do Gaeco, ao menos 15 advogados são suspeitos de integrarem a facção criminosa, repassando recados entre os membros que estão presos. Entre eles, um advogado seria do estado de e atua na defesa de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como liderança da facção.

Entre os investigados também estão dois servidores da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, além de dois policiais penais, um preso na operação. Já entre os integrantes da facção que estão presos, foram apontados 5 como lideranças do PCC, que mantinham contato direto com os advogados investigados.

Troca de mensagens

É apontado pelo Gaeco que um advogado teve contato com Marcola, a partir da defesa deste. Na ocasião, o líder do PCC teria questionado sobre a remoção de presos do regime fechado da Gameleira, em , para outros presídios. As investigações concluíram papel importante dos advogados para a estrutura da facção criminosa.

Eles seriam responsáveis ainda por administrarem dinheiro e contas do PCC, além de receberem os ‘salves'. Em uma última transferência de membros do PCC para presídios federais, Marcola teria demonstrado insatisfação, planejando atentados contra promotores de Justiça de e também de Mato Grosso do Sul.

A determinação dos atentados teria saído do presídio a partir de um integrante do PCC recentemente condenado. Este teria entregue o ‘recado' a duas advogadas, também alvos da operação.

Ligação direta com Marcola

Um dos membros do PCC de Mato Grosso do Sul cumpria pena no Presídio Federal de Brasília, onde teria se aproximado de Marcola. Depois, veio transferido para a Gameleira, em Campo Grande, onde passou a ser encarregado de transmitir ordens e informações aos ‘gravatas'.

Nas conversas entre advogados, eles falam sobre a execução de um homem em Pedro Juan Caballero (PY). O advogado de Marcola chega a comentar sobre a execução, esclarecendo que o homem foi assassinado pelo PCC, já que ele teria matado o primo de um membro da facção, sem a ordem superior. Ele também determina que um advogado de MS auxilie a família do assassinado.

Por fim, o Gaeco também cita a participação dos policiais penais. Estes estariam recebendo remuneração indevida, em troca da transferência de presos e alteração dos registros. Foi constatado que um advogado teria pagado R$ 40 mil para conseguir a transferência de um preso para Minas Gerais.

No entanto, não foi identificado o servidor que recebeu o valor. A operação cumpriu ao todo 38 mandados judiciais, em Campo Grande, Dourados, e Jaraguari. Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), Batalhão de Choque, Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e Gisp (Gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário) também atuam na operação.