‘Ele pode ter tirado minha dignidade, mas não me matou’, diz paciente estuprada no HRMS
“Ele pode ter tirado minha dignidade, mas não me matou. Enquanto eu viver, eu vou gritar o que ele fez”. É assim que a paciente de 36 anos estuprada por um profissional da saúde dentro do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, relata como tem lidado após os abusos. Acompanhada […]
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“Ele pode ter tirado minha dignidade, mas não me matou. Enquanto eu viver, eu vou gritar o que ele fez”. É assim que a paciente de 36 anos estuprada por um profissional da saúde dentro do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, relata como tem lidado após os abusos. Acompanhada da mãe e de um advogado, ela esteve nesta quarta-feira (10) na Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher) para prestar depoimento.
Conforme já noticiado, a vítima estava internada por conta do coronavírus (Covid-19), quando na madrugada do dia 5 foi violentada por um enfermeiro. Alegando que iria passar um óleo pelo corpo dela, sob a justificativa de que iria melhorar a respiração e evitar lesões, o homem a violentou. Primeiro, espalhou a substância pelas costas dela e em seguida começou a tocá-la nas partes íntimas. Mesmo sem forças, ela reagiu e se debateu.
Em seguida, o autor saiu do quarto. A vítima conta que se sentiu constrangida, principalmente porque tinha medo de que não acreditassem na história. “Não é fácil denunciar, porque o julgamento das pessoas é pesado demais. Ouvi de médicas e enfermeiras que questionavam se eu não estava delirando. Me senti invisível. Ninguém tem direito de me tocar. Meu corpo não estava ali para ele brincar”, afirmou ela na delegacia.
Quando os abusos começaram, ela fez o possível para se defender. “Tentei me jogar da cama e fazer barulho [para chamar a atenção]. Estávamos no sétimo andar e tinha grade na janela, mas a vontade que tinha era de me jogar de lá, para que ele não continuasse. Tive medo de que subisse em mim. A senhora que estava na cama do lado estava apagada [por isso não ouviu]”.
A vítima vai fazer o reconhecimento, espera que o autor seja preso e torce para que ele não consiga mais trabalho em nenhum outro hospital, pois o que ele fez com ela, poderia fazer também com outras pessoas, inclusive crianças. “Olhar pra mim e enxergar meu corpo no estado em que eu estava, só se for muito doente ou depravado”, pontuou.
Depois de denunciar o caso, a paciente teria sido informada por funcionários do hospital que o suspeito tinha histórico de abusos, motivo pelo qual não era bem visto. Os relatos são de que ele supostamente havia sido demitido de outros dois hospitais, sendo um deles por conduta indecorosa e o outro por justa causa. “Teve enfermeiras que vieram escondidas para dizer que já conheciam e que ele já tinha histórico”.
A mãe dela, uma acadêmica de direito de 56 anos, acredita que possam haver mais vítimas. “Eu acredito que haja mais vítimas, porque a gente começou a receber várias mensagens anônimas de que deveríamos levar a denúncia adiante. Não sei se minha filha foi a primeira ou a segunda a ser abusada, mas espero que seja a última e que a justiça seja feita”, havia dito a mãe, momentos antes de entrar para depor.
De acordo com a delegada Maíra Machado, da Deam, o caso foi denunciado como estupro de vulnerável. Já foram ouvidas cinco pessoas do hospital, dentre as quais quatro enfermeiras e uma responsável técnica pela enfermagem. Os depoimentos levaram a dois suspeitos que devem ser intimidados o quanto antes. “Eles serão interrogados e, conforme apurado, o responsável vai ser indiciado”, explicou a delegada. Na ala não há câmeras de segurança que tenham registrado a ação.
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