“Foi um ato covarde do Governo do Estado”, disse o Sinpol-MS (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul) sobre a demissão do investigador Tiago Henrique Vargas. O policial e o próprio sindicato acreditam em perseguição. Vargas já esteve em evidência por opiniões e críticas políticas, voltadas especificamente ao governo de Reinaldo Azambuja (PSDB).

A demissão do investigador foi publicada no DOE () desta sexta-feira (17). A base legal para a demissão aponta que Vargas desobedeceria preceitos éticos, atos normativos da corporação e não cumpria o princípio da hierarquia funcional, como “ameaça ou ofensa física contra superior hierárquico, funcionário ou particular”.

“É inadmissível que, em um estado democrático de direito, policiais civis que são formadores de opinião que defendem sua família e sua categoria por melhores salários venham a ser demitidos por opiniões contrárias à de governantes”, disse em nota. O Sinpol ainda disse que acredita em perseguição.

“Tal ato nos faz acreditar em perseguição, já que muitos policiais civis também participaram dos protestos e opinam em redes sociais sobre política. Além disso, Tiago Vargas já havia sido transferido para o município de como forma e represália”, declarou Pablo Rodrigo Pael, presidente em exercício do Sinpol.

O Sinpol afirmou que ingressará ainda nesta sexta-feira com uma ação na Justiça “para que a verdade se restabeleça a favor do filiado e companheiro de luta Tiago Vargas”.

Demissão

A demissão de Vargas foi publicada no DOE (Diário Oficial do Estado) desta sexta-feira (17). A decisão consta na Resolução “P” Sejusp-MS n° 343/2020, assinada pelo secretário de Estado de Justiça e , Antonio Carlos Videira.

A publicação desta sexta-feira ocorre cerca de três anos do episódio e não é clara se há relação com a postura de Vargas nas redes sociais. Conforme a resolução, o agora ex-investigador da Polícia Civil teria infringido a Lei Orgânica da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, com “transgressões de natureza grave”.

Tiago atuava como investigador da Polícia Civil e era lotado na cidade de Pedro Gomes, a cerca de 310 km de .

Ele ficou em evidência quando envolveu-se em polêmica por criticar, em suas redes sociais, o deputado federal Eliseu Dionísio (PSDB), no ano de 2017. A partir do episódio, o investigador foi transferido, à revelia, de Campo Grande para o município de Pedro Gomes. Tiago sustenta que a mudança era retaliação por suas manifestações na internet contra o parlamentar.

Policial acredita em perseguição

O policial conta que chegava de uma missão quando o delegado avisou a ele sobre a demissão. Em um vídeo, ele afirma que não está sendo demitido por ser corrupto, ou por crimes de extorsão e descaminho, além de nunca ter tido desvio de conduta. Também chega a dizer que não está sendo demitido pelo “desvio de mais de R$ 65 milhões em notas frias”, uma referência ao recente indiciamento de Reinaldo Azambuja pela .

Também na gravação, o investigador lembra que era um sonho de infância ser policial civil e que passou dois anos estudando até conseguir ingressar na instituição. “Ia fazer 6 anos que estava na Polícia Civil e por minhas opiniões puramente políticas, minhas críticas voltadas a políticos e, especificamente ao governador Reinaldo Azambuja, hoje saiu a minha demissão”, lamenta.

Ao Jornal Midiamax, Tiago reafirmou a tristeza pela demissão. “Eu estudei tanto para isso, foram anos estudando”, lamentou. Ele ainda reforçou que os processos administrativos que enfrentou na corporação foram por conta de comentários e posicionamentos políticos.

“Por exemplo, quando o Midiamax fez a matéria sobre a busca e apreensão na casa do Reinaldo, eu fiz um vídeo dando minha opinião e abriram um procedimento por conta desse vídeo”, contou. Também segundo Tiago, os procedimentos e até suspensões foram por tecer críticas ao governador por não poder criticar o superior. “Você não pode falar nada como pessoa, porque respinga na sua profissão”, disse.