‘Não foi por desviar R$ 65 milhões’, diz investigador demitido por Reinaldo Azambuja
Após ter a demissão publicada no Diário Oficial do Estado nesta sexta-feira (17), o agora ex-policial civil Tiago Henrique Vargas postou mensagem nas redes sociais. Em vídeo, ele fala sobre a demissão que avalia injusta e ainda manda um recado ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB). O policial conta que chegava de uma missão quando o […]
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Após ter a demissão publicada no Diário Oficial do Estado nesta sexta-feira (17), o agora ex-policial civil Tiago Henrique Vargas postou mensagem nas redes sociais. Em vídeo, ele fala sobre a demissão que avalia injusta e ainda manda um recado ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
O policial conta que chegava de uma missão quando o delegado avisou a ele sobre a demissão. Tiago era investigador da Polícia Judiciária e já tinha se envolvido em polêmicas por expor nas redes sua opinião política. Além disso, teria inclusive sido transferido de Campo Grande para Pedro Gomes já como uma forma de punição.
Assim, no vídeo ele afirma que não está sendo demitido por ser corrupto, ou por crimes de extorsão e descaminho, além de nunca ter tido desvio de conduta. Também chega a dizer que não está sendo demitido pelo “desvio de mais de R$ 65 milhões em notas frias”, uma referência ao recente indiciamento de Reinaldo Azambuja pela Polícia Federal.
Também na gravação, o investigador lembra que era um sonho de infância ser policial civil e que passou dois anos estudando até conseguir ingressar na instituição. “Ia fazer 6 anos que estava na Polícia Civil e por minhas opiniões puramente políticas, minhas críticas voltadas a políticos e, especificamente ao governador Reinaldo Azambuja, hoje saiu a minha demissão”, lamenta.
Por fim, o ex-policial afirma que está a caminho de Campo Grande, onde deve se reunir com advogados e com o sindicato para tentar reavaliar a demissão e recorrer da decisão. Ao final do vídeo ainda, Tiago manda uma mensagem a Azambuja e diz “De coração, que Deus abençoe sua vida. Não desejo mal a você ou a seus familiares, mas desejo que Deus faça justiça”.
Ao Jornal Midiamax, Tiago reafirmou a tristeza pela demissão. “Eu estudei tanto para isso, foram anos estudando”, lamentou. Ele ainda reforçou que os processos administrativos que enfrentou na corporação foram por conta de comentários e posicionamentos políticos.
“Por exemplo, quando o Midiamax fez a matéria sobre a busca e apreensão na casa do Reinaldo, eu fiz um vídeo dando minha opinião e abriram um procedimento por conta desse vídeo”, contou. Também segundo Tiago, os procedimentos e até suspensões foram por tecer críticas ao governador por não poder criticar o superior. “Você não pode falar nada como pessoa, porque respinga na sua profissão”, disse.
Demissão e críticas políticas
Tiago ficou em evidência quando se envolveu em polêmica por criticar, nas redes sociais, o deputado federal Eliseu Dionísio (PSDB), em 2017. A partir do episódio, o investigador foi transferido, à revelia, de Campo Grande para o município de Pedro Gomes. Com isso, Tiago sustenta que a mudança era retaliação por suas manifestações na internet contra o parlamentar.
A publicação desta sexta-feira ocorre cerca de três anos do episódio e não é clara se há relação com a postura de Vargas nas redes sociais. Conforme a resolução, o agora ex-investigador da Polícia Civil teria infringido a Lei Orgânica da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, com “transgressões de natureza grave”.
Ainda na base legal da demissão é apontado que Vargas desobedeceria preceitos éticos e atos normativos da corporação e não cumpria o princípio da hierarquia funcional. Tudo isso qualificado como desrespeito ao artigo 156 da Lei Orgânica (simular doença para esquivar-se do cumprimento do dever) e o inciso IV do artigo 172 (ameaça ou ofensa física contra superior hierárquico, funcionário ou particular).
A princípio, a decisão publicada em resolução nesta sexta-feira diria respeito a um de dezenas de processos disciplinares promovidos contra Vargas na Corregedoria da Polícia Civil. A reportagem entrou em contato com o Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis de MS), que afirmou estar tomando ciência da decisão para se pronunciar.
Também foram feitas tentativas de contato com o secretário Antônio Carlos Videira e o delegado-geral Marcelo Vargas, que não atenderam às ligações. O Midiamax ainda enviou solicitação à Polícia Civil e aguarda resposta.
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