Pai e filho foram presos na manhã desta terça-feira (15) por policiais federais dentro da operação Efeito Dominó, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro do tráfico internacional de drogas. As prisões aconteceram no condomínio de luxo Setvillege, que fica na Vila Nasser. No local, a PF cumpriu ainda mandados de busca e apreensão.

Segundo a Polícia Federal, pai e filho atuavam como ‘laranjas’ do traficante internacional Cabeça Branca, preso em julho do ano passado. De acordo com as investigações, o tráfico internacional de drogas rendeu à quadrilha um lucro de 2017, US$ 140 milhões. Ainda segundo a PF, R$ 290 milhões em imóveis foram apreendidos na operação desta terça-feira (15).

A operação também cumpriu mandados nas cidades de Dourados e Amambai, em Mato Grosso do Sul. A ação é desenvolvida simultaneamente no Rio de Janeiro, Ceará, Paraíba, São Paulo e Distrito Federal.

A operação Efeito Dominó é um desdobramento da Operação Spectrum após as investigações que começaram em 2017. No total, 90 policiais cumprem 26 mandados, sendo 18 de busca e apreensão, cinco de prisão preventiva, e três de prisão temporária.

Durante as investigações foi detectada uma complexa e organizada estrutura para a lavagem de dinheiro vindos do tráfico internacional de drogas. Com as investigações foi verificada a ação direta de doleiros e de duas operadoras financeiras, conhecidos da Polícia Federal da Operação Farol da Colina e Operação Lava Jato.

Um dos alvos é o doleiro Carlos Alexandre, o Ceará, delator da Lava Jato. “Quanto ao operador financeiro (doleiro) já investigado da Operação Lava Jato, chama atenção o fato de ter retornando às suas atividades ilegais mesmo tendo firmado acordo de colaboração premiada com a Procuradoria Geral da República e posteriormente homologado pelo Supremo Tribunal Federal. A Procuradoria Geral da República e o Supremo Tribunal Federal serão comunicados sobre a prisão do réu colaborador para avaliação quanto à “quebra” do acordo firmado”, diz a nota da PF.

Por meio de nota, a PF informou hoje que as investigações demonstram “robustos indícios acerca do modus operandi [modo de operação] da organização criminosa, consistente na convergência de interesses das atividades ilícitas dos “clientes dos doleiros” investigados, pois de um lado havia a necessidade de disponibilidade de grande volume de reais em espécie para o pagamento de propinas e de outro, traficantes internacionais como Luiz Carlos da Rocha possuíam disponibilidade de recursos em moeda nacional e necessitavam de dólares para efetuar as transações internacionais com fornecedores de cocaína”.

Dois doleiros tinham atuação “concreta e direta” com o grupo criminoso. Ambos eram conhecidos desde a Operação Farol da Colina (caso Banestado) e na Lava Jato. De acordo com os investigadores, eles foram alvos de investigações pela mesma prática criminosa.

Com a operação de hoje, a PF pretende reunir informações complementares da prática dos crimes de lavagem de dinheiro, contra o Sistema Financeiro Nacional, organização criminosa e associação para o tráfico internacional de entorpecentes.