Operação Anatocismus: vereador preso pela PF é suspeito de agiotagem e caixa 2

Investigação durou três meses

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Investigação durou três meses

Na manhã desta terça-feira (24), Polícia Federal cumpre a segunda fase da Operação Anatocismus, que investiga crimes eleitorais praticados durante as últimas eleições municipais para o cargo de vereador em Ladário, cidade a 435 quilômetros de Campo Grande. Entre os mandados a serem cumpridos, um de prisão é contra um vereador.

Segundo informações da Polícia Federal, 15 policiais fazem buscas domiciliares e cumprem duas conduções coercitivas e dois mandados de prisão, um contra o vereador, que não teve o nome divulgado. De acordo com a PF, os investigados foram indiciados por corrupção eleitoral ativa, falsidade ideológica eleitoral (‘caixa dois’), usura pecuniária (‘agiotagem’) e retenção de documentos de identificação.

A PF não divulgou o nome do vereador preso, todavia, no final de 2016 agentes federais cumpriram mandados na casa de Eurípedes Zaurizio de Jesus (PTB), eleito em outubro do ano passado, também em uma investigação de crimes eleitorais. 

Investigações

A operação é resultado de três meses de investigações e teve início por meio de denúncia, complementada posteriormente com diligências, entre elas a busca na casa do então candidato, agora vereador. Na ocasião, foi considerada a primeira fase da Operação Anatocismus e foram apreendidos documentos de identificação, cartões do Bolsa Família e contas de água e luz em nome de terceiros.

Foi apurado o envolvimento dos indiciados nos crimes de corrupção eleitoral ativa e ‘caixa dois’, além de ‘agiotagem’ e retenção de documentos.

Corrupção eleitoral e ‘caixa dois’

Conforme a PF, as investigações indicam que o vereador de Ladário comprou votos com valores que iam de R$ 100 a R$ 200. Os pagamentos eram feitos por meio de ‘agiotagem’ e a suspeita é que tenha ocorrido o perdão de dívidas em troca de votos.

A apuração ainda apontou que o vereador explorou pessoas de baixa renda, muitos beneficiários do Bolsa Família. Retendo o cartão do programa e a senha, o então candidato fazia os saques e cobria os juros devidos pelos tomadores dos empréstimos ilegais. De acordo com a polícia, os empréstimos seriam contraídos com juros mensais na ordem de 30%.

Além de desvirtuar a finalidade do programa Bolsa Família, que indiretamente teria financiado a compra de votos, o candidato ainda realizou a prática conhecida como ‘caixa dois’, sonegando e inserindo informações falsas na prestação de contas da campanha.

O nome da operação, Anatocismus, de origem grega, pode ser traduzido como usura, ou seja, ‘agiotagem’. As penas, caso os suspeitos sejam condenados, podem variar de dois a 11 anos de prisão.

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