OAB vai pedir reconstituição de cena do assassinato que envolve PRF

Caso não seja atendida, Ordem vai pedir afastamento da delegada

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Caso não seja atendida, Ordem vai pedir afastamento da delegada

A OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso do Sul) irá protocolar, nesta quarta-feira (4), um pedido de reconstituição da cena que envolve o assassinato do empresário Adriano Correia do Nascimento, de 33 anos, morto a tiros pelo policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, de 47 anos, no dia 31 de dezembro, em Campo Grande.

Quem explica o pedido é o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem, Christopher Scapini. A OAB alega discordar dos rumos da investigação. Christopher ainda declarou que, se houver negativa, a Ordem irá “tomar medidas para que haja o afastamento da delegada do caso”.

“Nós estamos com um ofício, vamos protocolar agora a tarde, solicitando a reconstituição da cena do crime e, inclusive, se a delegada negar a reconstituição da cena do crime, a OAB vai tomar medidas administrativas pra que haja o afastamento, porque nós entendemos que o foco da investigação é elucidação do homicídio e não a direção sob influência de álcool, são situações bem diversas”, declarou ele.

Investigação

Os áudios e vídeos devem ser solicitados pela delegada que cuida do caso, Daniela Kades, da 1º Delegacia da Polícia Civil da cidade. Os ofícios serão enviados ao Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança), ao Corpo de Bombeiros e Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), de acordo com a investigação, com o objetivo de esclarecer em qual momento e circunstância os tiros foram feitos pelo policial.

De acordo com o depoimento de uma das vítimas, relatado pela delegada, quando a Hilux parou, o grupo tentou descer, mas o policial exigiu que ficassem dentro do veículo mostrando que estava armado, e que deveriam esperar a polícia que tinha sido acionada. Neste momento, Adriano teria tentado sair do local acelerando o carro. O policial que estava quase em frente ao veículo, ao perceber a tentativa de fuga, passou a efetuar os disparos acertando o adolescente na perna, e Adriano, por quatro vezes.

A investigação da polícia civil busca detalhes junto ao clube em que Adriano estaria durante a madrugada. A delegada afirmou que, até agora, apenas uma funcionária da boate onde as vítimas estavam confirmou a presença do grupo no estabelecimento. Um ofício à Prefeitura também deverá ser enviado para saber se uma operação tapa-buracos foi feita na região, e o motivo, de acordo com a polícia civil, é que não foi localizado o suposto buraco, que teria motivado a briga entre o condutor da Hilux e o policial.

O caso ainda poderá ser enviado para a Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) se for comprovado que o adolescente ingeriu bebidas alcoólicas na boate.

A OAB, ainda assim, acredita que direção da investigação foge do ‘foco’. “O que aconteceu? foi um homicídio, uma morte, ele não bateu em um carro, no poste, e saiu do carro morto porque ele tomou uma cerveja, ele morreu porque levou tiro”, declarou Christopher.

Quem também questiona a investigação é o O MPE-MS (Ministério Público Estadual), que pediu a prisão preventiva e a quebra do sigilo telefônico de Ricardo. No pedido feito à Justiça, os promotores alegam que o policial foi preso em flagrante pelo crime de homicídio, e causou ferimento em outras duas pessoas, ‘que potencialmente virão caracterizar outros dois crimes de tentativa de homicídio’.

Procurada, a delegada não quis se pronunciar. Por meio de nota oficial, a polícia também declarou que só irá discutir o assunto por meio de coletiva de imprensa.

Assassinato

Adriano dirigia uma Hilux no dia 31 de dezembro, e teria ‘fechado’ a Pajero conduzida pelo policial. A briga aconteceu na Avenida Ernesto Geisel, quase no cruzamento com a Avenida Afonso Pena e se estendeu até as proximidades do Horto Florestal, na Ernesto Geisel. “Vamos chamar a Polícia de Trânsito para resolver isso”, teria dito o ocupante da Hilux, segundo uma testemunha.

De acordo com testemunhas, o motorista da Hilux tentou ir embora e o policial teria atirado várias vezes, ainda de dentro do carro, atingindo o motorista no pescoço e o adolescente nas pernas. Após ser atingido pelos tiros, Adriano perdeu o controle da camionete, que atingiu um poste. Com o impacto, o poste chegou a cair em cima do veículo.

Segundo populares, o tio do motorista chegou a ser arremessado do veículo após o acidente e sofreu ferimentos no braço. Ele foi levado com o filho para a Santa Casa de Campo Grande. Equipes do Corpo de Bombeiros, PRF (Polícia Rodoviária Federal), Polícia Militar, Polícia Militar de Trânsito e Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), Polícia Civil, Perícia e também funerária estiveram no local. O policial foi levado para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro.

Os detalhes do caso ainda são investigados pela polícia, que não confirmou nenhuma das versões.

 

Conteúdos relacionados