Índio que sofreria de transtornos mentais leva 2 tiros de PM
Polícia alega tentativa de conter ataque
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Polícia alega tentativa de conter ataque
Policiais militares de Caarapó – 273 km da Capital – prenderam em flagrante e atiraram duas vezes no índio da etnia Guarani e Kaiowá Alexandre Claro, 27, na manhã de quinta-feira (5). A polícia alega tentativa de conter um surto de Alexandre, que teria apresentado comportamento violento, atacando pessoas no centro da cidade, viaturas da polícia e os policiais, com um ‘tacape’ – pedaço de madeira -. O indígena, no entanto, sofreria de transtornos mentais. Informações obtidas pelo jornal Midiamax explicam que ele apresenta comportamento tranquilo, e que seria um ‘andarilho’, conhecido por todos.
Alexandre está internado no Hospital da Vida, em Dourados, em decorrência dos ferimentos. Ele levou dois tiros – projetados por uma arma calibre .40 -, um na perna e outro na região do quadril. Ele está no centro cirúrgico do Hospital, na ala de ortopedia, e fraturou o fêmur em decorrência do tiro.
Vander Aparecido Nishijima, coordenador regional da Funai (Fundação nacional do índio) em Dourados, explica que Alexandre toma remédios controlados, e a Funai, que acompanha o caso, estuda quais medidas serão tomadas.
“A gente está acompanhando a situação e ao mesmo tempo tentando levantar informações sobre o que, de fato, ocorreu. O que eu sei é que é um jovem que anda pelo município de Caarapó, ele toma umas medicações controladas, pelo que o pessoal de Caarapó me relatou ele não é alguém violento. A gente vai apurar pra ver quais medidas devem ser tomadas”, explicou.
O delegado Ricardo Meirelles Bernardinelli, da Delegacia de Caarapó, instaurou inquérito e apura o caso. Alexandre foi preso em flagrante e pode até ser indiciado por tentativa de homicídio, pela agressão aos policiais militares. O delegado, no entanto, não descarta a possibilidade de ‘excesso’ na tentativa dos policiais de controlar Alexandre. Ricardo também irá pedir laudos médicos para investigar a saúde mental do indígena.
“Ele estava no centro da cidade, por volta das 10h20 com um tacape e golpeando fortemente os veículos ali da região do centro, golpeando as pessoas, atingiu outras pessoas e a polícia militar foi acionada porque tinha uma pessoa enlouquecida lá com esse pedaço de pau e quando chegaram, os policiais foram conversar com ele, tentaram conter, um policial começou a ser golpeado, parece que levou dois golpes de tacape nos braços enquanto tentava se defender e nisso ele fez um primeiro disparo de advertência”, afirmou o delegado, que ouviu os policiais e pessoas que estariam no centro da cidade quando o caso ocorreu.
Ricardo alega que os policiais não sabiam, quando forama atender a ocorrência, de que se tratava de um índio e não tinham conhecimento sobre os supostos transtornos mentais sofridos por Alexandre. “Não posso te informar a gravidade dos problemas mentais dele porque não foi juntado nenhum laudo, até o momento, comprovando os distúrbios mentais dele. O que nós temos é a informação de que ele era uma pessoa tranquila, mas que ontem estava mesmo muito agressivo e os policiais mesmo quando chegaram não tinham conhecimento de que ele tinha algum problema, algum eventual problema mental, essa informação era inexistente pros policiais. Eles fizeram primeiro um disparo de advertência, essa pessoa continou com as agressões e um dos policiais efetuou os dois disparos pra tentar contê-lo”.
Questionado sobre a forma escolhida pelos policiais para conter a situação, o delegado afirmou que “cuida da investigação e que não pode discorrer sobre os procedimentos adotados pelo comando da polícia militar”.”Eles efetuaram dois disparos, um atingiu a região da perna e outro próximo ao quadril. Após esses disparos eles conseguiram imobilizar o autor, acionaram imediatamente o Corpo de Bombeiros, deu os primeiros socorros e encaminhou pro hospital aqui de Caarapó”.
Alexandre foi tranferido do Hospital São Mateus, em Caarapó, para o Hospital da Vida, em Dourados, por necessidade de procedimento cirúrgico. O indígena foi levado ao hospital com escolta da polícia, e, de acordo com o delegado, será levado à delegacia de Caarapó quando tiver alta do Hospital, onde ficará preso. “Ele foi preso em flagrante, danificou uma viatura da polícia militar, acertou golpes de tacape na viatura e isso é enquadrado como dano qualificado ao patrimônio público. Nós ainda tínhamos a desobediência, a resistência, e ele foi fichado também por tentativa de homicídio, autuado em flagrante por tentativa de homicídio contra o policial militar”, declarou Ricardo.
“Nós vamos requisitar um laudo pericial médico pra avaliar a sanidade mental dele, e, caso haja indícios, eu posso representar também por um incidente de insanidade mental. Nesse incidente, o médico legista vai apurar qual o grau de responsabilidade dele quanto aos atos praticados por ele, se ele tem entendimento dos atos praticados ou não”, explicou o delegado.
Sobre a atuação dos policiais, afirmou que “foi instaurado o inquérito, estão sendo ouvidas diversas pessoas”. “Nós estamos ouvindo pessoas que estavam próximas, hoje mesmo outras pessoas foram ouvidas e até agora os depoimentos vão no mesmo sentido, de que ele estaria descontrolado e que agredia os policiais e outras pessoas, e nós estamos avaliando se foi proporcional ou não a ação da polícia militar”, finalizou.
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