Polícia desmantela esquema de MS que usava ‘velhinhas’ e evangélicas para narcotráfico
A polícia gaúcha desmantelou um esquema de narcotráfico que usava idosas e evangélicas para levar cocaína de Mato Grosso do Sul até a região sul do Brasil no regime de ‘formiguinha’, com muitas pessoas transportando pequenas quantias. A quadrilha abastecia o mercado gaúcho no Vale do Taquari e sete pessoas foram presas pelo Denarc (Departamento Estadual […]
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A polícia gaúcha desmantelou um esquema de narcotráfico que usava idosas e evangélicas para levar cocaína de Mato Grosso do Sul até a região sul do Brasil no regime de ‘formiguinha’, com muitas pessoas transportando pequenas quantias.
A quadrilha abastecia o mercado gaúcho no Vale do Taquari e sete pessoas foram presas pelo Denarc (Departamento Estadual de Investigação do Narcotráfico do Rio Grande do Sul) na Operação Tapajós.
Segundo o delegado Mario Souza, que chefiou a investigação, os traficantes atuavam há pelo menos dois anos e levavam, sem problemas com a fiscalização, até 50 Kg por mês. Para driblar as suspeitas dos policiais, mulheres eram recrutadas na periferia das cidades sul-mato-grossenses de Dourados e Mundo Novo.
Elas usavam a imagem de velhinhas debilitadas ou religiosas, mas levavam entre 500 gramas e 1 quilo de cocaína pura ou pasta-base em fraldas geriátricas sob cintas elásticas. Cada uma receberia entre R$ 250 e R$ 1 mil por viagem, de acordo com o nível de dificuldade e de experiência.
Um bazar na rodoviária da cidade de Estrela, no interior do RS, servia de base das operações. No local, a polícia civil gaúcha apreendeu drogas e prendeu o dono, Leonel Cristiano da Silva, o Peixe, 31 anos, apontado como um dos coordenadores do esquema, que movimentaria até R$ 400 mil por mês.
A quadrilha também transportava maconha de Mato Grosso do Sul para o estado gaúcho. Mas com outro tipo de ‘mula’. Em geral, adolescentes escondiam a droga na bagagem. No período de festas de outubro, os traficantes receberiam até 10 kg por semana.
Rodovias escancaradas
As investigações começaram há meses. Chamou a atenção dos investigadores a facilidade que os traficantes encontravam no trajeto. “Em sete meses de investigação, não tivemos informação de que tenha acontecido alguma abordagem a essas “mulas”, mesmo que o ônibus faça a tradicional rota do tráfico”, afirmou o delegado Mario Souza, que chefiou a investigação.
Em setembro, os agentes gaúchos acompanharam a chegada de uma ‘carga’ na rodoviária de Estrela e identificaram a gerente da rede, Ramona Escobar Gonçalves, de 58 anos, que mora em Mato Grosso do Sul. Conhecida como ‘Tia Ramona’, ela foi presa com 500g de cocaína num fraldão.
Nas últimas semanas, com a ação do Exército nas fronteiras de MS, os carregamentos de cocaína teriam diminuído. Mas as cargas de maconha teriam continuado inalteradas.
No momento em que Ramona foi presa, os agentes encontraram diversas adolescentes na sua casa. A suspeita é de que, além de “mulas”, as jovens seriam induzidas a se prostituírem no local. Todas foram entregues à polícia de Mato Grosso do Sul.
Tia Ramona é apontada pela polícia como uma das principais distribuidoras de drogas da região de Mundo Novo, Dourados (MS), Ponta Porã (MS) e Guaíra (PR). Além disse, ela operaria rotas de “mulas” também para o Rio de Janeiro.
Segundo os indícios, ela teria sido a criadora do esquema dos fraldões, se passava por religiosa e recrutava as mulheres em igrejas evangélicas nas quais possuía contatos. Uma equipe de reportagem do Diário Gaúcho acompanhou a ação do Denarc no Rio Grande do Sul.
“Velhinhas ou crentes”
“De cabelos compridos, meia-calça escura, roupas sóbrias e bíblia nas mãos, jamais chamariam a atenção de policiais. Se mostravam debilitadas. Mas sob a longa saia, traziam tijolos de cocaína pura ou pasta-base, escondidos dentro de fraldas geriátricas, reforçadas por cintas elásticas pós-operatórias”, conta o repórter Eduardo Torres.
A polícia gaúcha calcula que, no mínimo, 50 mulheres tenham sido usadas. Quando chegavam, eram recebidas como se fossem visitar parentes ou amigos e ficavam em uma pensão estrategicamente ao lado de uma igreja evangélica. O maior argumento para convencer as senhoras a entrarem no ‘esquema’ era o dinheiro fácil para as mulheres pobres.
Prestígio político
Segundo o Diário Gaúcho, Leonel Cristiano da Silva conta com prestígio político na região em que morava, e teria se aproveitado das facilidades para fortalecer o esquema de narcotráfico nos últimos dois anos. Ele foi inclusive coordenador de campanha de um candidato nas eleições municipais de Estrela, em 2008.
Tanto ele quanto Ramona preferiram falar apenas em juízo. (Com informações do Diário Gaúcho)
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