Jacinda Ardern, premiê da Nova Zelândia, vai renunciar por estar ‘sem energia’

O país terá eleições gerais em 14 de outubro

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Jacinda Ardern (Foto: Reprodução/Facebook Jacinda Ardern)

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, vai deixar o cargo por estar “sem energia”, anunciou em um evento de seu partido nesta quinta-feira, 19. “Para mim, chegou a hora”, declarou ela durante reunião com membros do Partido Trabalhista, do qual faz parte. O país terá eleições gerais em 14 de outubro

“Estou saindo, porque com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. Inclusive a responsabilidade de saber quando você é a pessoa certa para liderar e quando não é”, afirmou, visivelmente emocionada, aos correligionários. “Eu sei o que esse trabalho exige. E sei que não tenho mais a energia necessária para fazê-lo da melhor forma. É simples.”

Jacinda poderia tentar a reeleição para o que seria seu terceiro mandato. “Eu sou humana. Damos o máximo que podemos pelo tempo que podemos e então é hora. E para mim, chegou a hora”, acrescentou. No pronunciamento, a política disse ainda que acredita na vitória de seu Partido Trabalhista no pleito. O vice-premiê e ministro das Finanças, Grant Robertson, já disse em comunicado que não deve ser o candidato da legenda.

Jacinda, que se tornou primeira-ministra em um governo de coalizão em 2017 e conduziu seu partido de centro-esquerda a uma ampla vitória nas eleições três anos depois, viu seu partido e sua popularidade pessoal caírem em pesquisas recentes.

Na primeira aparição pública desde que o Parlamento neozelandês entrou em recesso há um mês, ela afirmou que durante esse intervalo esperava encontrar energia para seguir na liderança, mas não conseguiu. “Não tenho energia para mais quatro anos”, declarou.

Segundo Jacinda, sua renúncia entrará em vigor até 7 de fevereiro e a convenção trabalhista votará em um novo líder em 22 de janeiro. O vice-primeiro-ministro Grant Robertson indicou que não apresentaria seu nome.

Trajetória

Jacinda foi vitoriosa em duas eleições no país. Na primeira vez, em 2017, ela tinha 37 anos e se tornou a mais jovem líder de um país, de acordo com a BBC. A última vitória foi em 2020.

Ela ganhou destaque no cargo por uma série de episódios que consolidaram sua imagem como uma líder progressista e sensível. No segundo ano de mandato, engravidou e não abriu mão de tirar seis semanas de licença-maternidade – deixando o vice assumir o governo.

Ao voltar, Jacinda levou a filha à Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. Enquanto a mãe discursava no púlpito a outros chefes de Estado, Neve ficou no colo do pai, o apresentador Clarke Gayford.

Em 2019, Jacinda foi elogiada ao transmitir sentimentos de conciliação e união nacional a uma população traumatizada com o massacre de 51 pessoas por um extremista em duas mesquitas na cidade de Christchurch. Após a matança, armas semiautomáticas foram banidas no país.

No ano seguinte, ela levaria o Partido Trabalhista a uma vitória histórica, com ampla vantagem sobre a oposição do Partido Nacional. No segundo mandato, se projetaria com a forma como lidou com a gestão da pandemia de covid-19.

Embora conhecida por promover causas progressistas, como os direitos da mulher e a justiça social, Jacinda enfrentou críticas internas de que seu governo falhou em cumprir transformações sociais.

Nos últimos meses, a primeira-ministra enfrentou os índices mais baixos de popularidade desde que chegou ao poder. Sondagem divulgada em dezembro pela Kantar One News Polling apontou que só 29% da população escolheria Jacinda para ocupar o cargo mais uma vez – dias antes do pleito de outubro de 2020, quando foi reeleita, esse índice era de 55%.

No mês passado, a primeira-ministra admitiu em entrevista que o momento era desafiador para a sua administração, mas fez críticas à oposição que, segundo ela, não apresentava propostas para lidar com os problemas do país.

A turbulência política se soma à econômica, posto que a Nova Zelândia pode entrar em recessão neste ano. No mês passado a inflação anual estava em 7,2%, o maior índice em quase 30 anos, e os custos da comida, de aluguéis e da gasolina, em alta.

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