EUA investigam condições de abrigo para crianças imigrantes
Duas agências do governo americano, uma federal e outra estadual, abriram investigações na última semana para apurar as condições de crianças imigrantes em um abrigo em Chicago. O local é mantido pela organização Heartland Alliance, cujos abrigos concentram os menores brasileiros que foram separados dos pais na fronteira dos Estados Unidos, após entrarem no país […]
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Duas agências do governo americano, uma federal e outra estadual, abriram investigações na última semana para apurar as condições de crianças imigrantes em um abrigo em Chicago. O local é mantido pela organização Heartland Alliance, cujos abrigos concentram os menores brasileiros que foram separados dos pais na fronteira dos Estados Unidos, após entrarem no país de forma ilegal.
Atualmente, 15 crianças brasileiras estão sob a guarda da instituição, segundo o Itamaraty -de um total de 30 menores. As investigações, abertas pelo governo do estado de Illinois e pela corregedoria do Departamento de Saúde dos EUA, responsável por contratar os serviços, foram motivadas por reportagens na imprensa americana em que crianças narraram condições como falta de atendimento médico, proibição de abraços e contato físico, além de regras severas de comportamento.
Alguns menores têm apresentado comportamento pós-traumático, e advogados estudam entrar com ações contra as instituições. Equipes dos consulados brasileiros têm feito visitas regulares aos abrigos, e afirmam que as condições materiais dos lugares são boas e que não há relatos de maus-tratos.
Um brasileiro de dez anos que passou pelo local sob investigação, porém, narrou à mãe, depois de sair do abrigo, que machucou o braço jogando futebol e disse não ter sido atendido por um médico, mas por um funcionário da instituição. Ele afirmou não ter feito nenhum tipo de exame ou raio-X. Hoje, o braço ainda dói, e ele usa um curativo improvisado no local.
Um outro brasileiro, de nove anos, que estava no mesmo abrigo, ficou isolado durante dias por ter contraído catapora. Uma grade foi colocada em seu quarto. “Eu me sentia um cachorro”, disse ele ao jornal Washington Post.
Os dois também disseram ter visto repetidamente um menino de cinco anos da Guatemala receber uma medicação intravenosa em meio a crises. A advogada do guatemalteco, Amy Maldonado, pediu um teste de sangue para conferir se algum medicamento está sendo ministrado sem autorização à criança, que ainda está no abrigo.
A Heartland Alliance, que mantém as instituições de Chicago, informou que as alegações são “perturbadoras, porque não refletem os valores e a qualidade do serviço” da organização, e disse que também iniciou uma investigação para identificar e punir eventuais responsáveis por maus-tratos.
Os inquéritos das agências governamentais, instadas a agir após a pressão de congressistas de oposição a Donald Trump, ainda estão em andamento, e não têm prazo para terminar.
Por ora, nenhuma situação de maus-tratos ou negligência foi comprovada.
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