Quem diria que o resultado da final de um show seria mencionado pelos telespectadores desse programa como um verdadeiro remédio para feridas abertas, que ainda sangram?

O relato, por parte de internautas, escancara o nível das consequências das mazelas que acometeram um Brasil sofrido, e que teve sua alegria feita quando viu justiça na final de um programa de TV.

Considerada antológica, a vitória da paraibana foi esperada e aclamada. Já tem algum tempo que todo mundo sabia que ela venceria a edição, mas o momento da revelação para a própria maquiadora foi além dos níveis do entretenimento.

Como pode uma simples final (ou nem tão simples assim) de reality show mobilizar e significar tanto para o Brasil? Futilidade, falta do que fazer? Ou a sensação de missão cumprida por ter conseguido fazer justiça com as próprias mãos, votando e premiando alguém que foi tão humilhada, execrada, excluída e ridicularizada?

Na balança, a segunda opção pesa mais. O país da impunidade se alegrou ao ver a humildade, a bondade e a humanidade vencerem o maior reality do Brasil.

O discurso de Tiago Leifert, cirúrgico e reparador, representou o Brasil ao contar para aquela mulher fragilizada sobre sua força, sua potência e não medir palavras para alertá-la sobre seu tamanho como ser humano.

“Quando tentaram insinuar que você era doida, ‘eu não sou doida!', você não acreditou. Você não mudava sua opinião e você não caía na armadilha de atacar um alvo fácil, como fizeram com você. Quando você tinha todas as razões do mundo aqui dentro para se tornar má, você continuou bondosa”, disse Tiago antes de anunciá-la como campeã.

“Alegre, sã e boa. Foi o que você fez. Ser assim no BBB é muito perigoso, Juliette, porque ninguém acredita em você. ‘Como é possível uma pessoa ser assim hoje em dia? Tudo se polariza e ela vem querer dialogar comigo, ter paciência, me perdoar. Isso não existe mais, não é possível. Ela tá mentindo pra mim. Ela é falsa, vamos botar ela no paredão'. Era o exato oposto disso. Era tudo verdade”, refletiu o apresentador.

Descobrindo que não estava enganada, a sister foi aos prantos enquanto Tiago proferia essas palavras. Mas o Brasil estava chorando junto, aliviado, emocionado, ‘vingado'. Os ‘juízes' da internet fizeram justiça e encerraram a 21ª temporada com a sensação de missão cumprida, regozijados.

Num dia também marcado pela morte do grande Paulo Gustavo, o choro de alívio, de ressarcimento e reparação para Juliette foi um remédio para consolar a ferida aberta deixada pela partida do ator.

Ferida que não existe só pela partida dele, mas também por tudo o que acontece num país devastado: onde ter esperança soa quase como idiotice.