Polêmicas bizarras envolvem assistir Peppa Pig, que enlouquece crianças e pais no Brasil
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“Peppa adora poças de lama”, diz o narrador com uma vinheta no fundo. Na tela, a personagem Peppa Pig se apresenta com uma voz infantil e começam suas aventuras. Para encontrar qualquer episódio de Peppa Pig, uma das maiores febres do lazer infantil da atualidade, basta digitar em qualquer buscador da Internet. Somente esse episódio citado, “Peppa: Poças de lama”, tem 2.640.588 visualizações no Youtube. Isso apenas no canal brasileiro.
“Sempre faço isso, deixo a Peppa rolando no tablet e dou para meu filho se distrair enquanto eu trabalho, cozinho, cuido de alguma coisa”, explica a publicitária Fernanda Alencar Rosa, 32 anos, mãe do Pietro, 2 anos. “Tem gente que me critica mas não sabe como é complicado chamar a atenção de uma criança por muito tempo. E a Peppa tem esse poder, além de que muitos episódios mostram a obediência da personagem pelo pai, o Papai Pig, e também o cuidado de Peppa com o irmão”, analisa. Ela sempre acompanha os desenhos com o filho, mas não é incomum deixar a Peppa “de olho” em Pietro através do tablet. Essa questão de colocar a criança para ver um vídeo no celular e no tablet também se consolidou com o desenho.
‘Watch Peppa Pig’
Um dos termos mais procurados em sites como o Youtube é ‘Watch Peppa Pig’ (Assistir Peppa Pig, em português). O mesmo acontece com Peppa Pig no Brasil. Mas nem tudo são flores na história da porquinha cor-de-rosa que vende de almofada a qualquer tipo de objeto infantil. Nas duas primeiras temporadas exibidas na Grã-Bretanha, terra onde a produção se originou, Peppa e sua família não usavam cinto de segurança quando passeavam de carro, o que gerou inúmeros protestos de pais no Reino Unido.
A questão foi resolvida rapidamente pelos produtores, que passaram a desenhar os bichinhos com o acessório automotivo, além de incluir o detalhe também nos episódios que já tinha ido ao ar.
Essa polêmica não foi a primeira nem será, talvez, a última. O desenho da Peppa também foi alvo de inúmeros boatos a respeito do seu surgimento, alguns extremamente sinistros. Uma imagem de uma menina vestindo uma cabeça de porco assustadora, quase que parecendo ter saído das catacumbas da Deepweb – segmento da internet acessível a poucos e conteúdo até mesmo ilegal – circula na Internet juntamente com o boato de que a Peppa Pig tenha sido inspirada na morte de uma menina em uma fazenda britânica.
Claro que não passa de boato, mas não deixa de ser algo muito, mas muito assustador. Não existe nenhuma prova de que isso seja real, e parece ter saído de uma “creepypasta”, ou seja, boataria assustadora da Internet. “Eu acho que as pessoas se incomodam com o sucesso da Peppa porque gerou muito, mas muito lucro para o comércio formal e informal”, acredita o empresário Lorival Paulo, 40 anos. Ele é pai dos pequenos Ariel, de 4 anos, e Luara, de 1 ano de idade. “A Peppa é um desenho inofensivo, então meus filhos assistem numa boa, sem muito problema. E sempre que o teatro da Peppa vem para cá eu levo, nada contra. Alguns pais não gostam, acham muito bobo, mas eu penso que não existe nada demais em deixar as crianças gostarem”, enfatiza.
Origem real e outras polêmicas
A Peppa Pig foi criada em 2004 por Astley Baker Davies – que afirmou ter tido a ideia enquanto se divertia em um pub inglês – com o objetivo de agradar a crianças em uma faixa etária de 0 a 5 anos de idade. Os traços são simples, quase um “desenho” sem efeitos 3D ou histórias rápidas, e mostram a porquinha interagindo com outros bichinhos. São mais de 177 países onde a Peppa é sucesso, com 211 episódios, e histórias rápidas de 5 minutos.
Em entrevista à revista “FT”, os criadores da série animada explicaram que resolveram usar um porco como personagem unicamente porque esse seria um animal com o qual eles não precisariam se preocupar com raça, classe social ou passado. Além disso, a estrela do desenho deveria ser do sexo feminino pois, na ocasião, havia poucos personagens femininos nos programas infantis. Essa questão feminina foi mais uma polêmica que chegou à série, que já chegou a ser acusada de ser “feminista”, já que na história, Mamãe Pig trabalha no computador enquanto Papai Pig faz o jantar. Sobre isso, os criadores responderam que a série “retrata uma família atual”, e por isso a escolha de mostrar os pais da Peppa dividindo tarefas domésticas de forma igualitária.
Da tela para a realidade
Depois de tanto sucesso, os produtos da Peppa invadiram as lojas de brinquedos, roupa de cama, material escolar e quase tudo que você possa imaginar e que tange às crianças. Uma linha de roupas da Peppa Pig pode custar entre R$ 70 e R$ 300, e os parques e brinquedos da marca se alastram pelo Brasil em Shoppings, parques de diversões e outros locais.
Brincar com a Peppa pode ser uma atividade interessante para o pai e, dizem eles, para os filhos. Na Capital, o Shopping Campo Grande abre, a partir desta sexta-feira (10), até o dia 13 de junho, uma exposição interativa onde Peppa e seu irmão porco George alegram o dia das crianças de 0 a 5 anos. A atração é gratuita no espaço central do centro comercial. Ali as crianças vão encontrar o portal de arco-íris, a Poça de lama que Peppa brinca tanto e alguns brinquedos com a característica do desenho animado. Algumas das brincadeiras são pagas, como o Carrossel de Balões, que dura três minutos e custa R$ 15.
No camelódromo de Campo Grande, a oferta de produtos da personagem também deixa a cor rosa bastante marcada. Peppa está em tudo: nas roupas, eletrônicos, capinhas de celular, cadernos e, claro, nos brinquedos – todos produtos de linha… não oficial, digamos assim. Isso porque a porquinha detém uma das maiores procuras no aglomerado comercial.
“A Peppa é a rainha aqui, tem gente que chega aqui perguntando o que tem dela, porque é uma das preferidas pelas crianças”, explica Luciana Martinez, vendedora num box de brinquedos, onde réplicas de bonecos licenciados saem por até 70% do valor. A pelúcia de Peppa, por exemplo, sai a R$ 30, diferente dos R$ 85 nas lojas tradicionais. E a poucos passos, um box de roupas infantis têm de meia a roupas de frio temáticas, também com bastante procura. “Sai muito, principalmente para as meninas. Para os meninos os pais evitam um pouco”, conta Marcela Santos, vendedora.
Vitória da Peppa, que está em todo lugar, seja na roupa das crianças, seja na mente cansada dos pais, que simplesmente não conseguem esquecer a melodia das músicas que a porquinha canta por aí.
(Colaborou Guilherme Cavalcante)
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