Os anos dourados de fazem parte da memória de muitos que por aqui passaram e já se foram, e também de outros que ainda vivem desde o ápice dos clubes que tinham festas, carnavais e bailes que duravam a noite toda. O Clube Libanês é um desses tesouros escondidos.

Próximo ao coração da cidade, o prédio singelamente passa despercebido no centro da Capital. Na Rua Dom Aquino, 1.879, histórias se aglomeram em um prédio que hoje luta para se manter vivo.

Os Anos Dourados

O Clube Libanês foi construído ao longo de 10 anos, entre 1952 e 1962, por 400 libaneses que se dedicavam apenas aos fins de semana, quando tinham tempo disponível, e utilizaram de recurso próprio para manter a obra.

O povo libanês faz parte do grupo de imigrantes que compõem a identidade cultural da cidade, junto com japoneses, sírios, paraguaios e portugueses. Entre os fundadores do clube está Cônsul Assaf Trad, avô do atual prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad.

A inauguração aconteceu assim que as obras terminaram, em 20 de outubro de 1962. Desde então, o Libanês, ao lado de grandes clubes da época como Estoril, Surian e Rádio Clube, fez parte da vida social das famílias de Campo Grande. Entre os eventos que aconteceram no clube estão formaturas, bailes de debutantes, shows, apresentações de orquestras, carnavais e casamentos.

Mariam Kodjaoglanian, de 69 anos, é aposentada e tem grandes memórias do clube e da vida social dos anos 60 e 70. “Fui em vários casamentos lá. Inclusive, da minha irmã. Era um clube lindo, enorme. Estava entre os 3 ou 4 maiores e mais frequentados clubes de Campo Grande. Todos anos havia 5 noites famosas de carnaval. Íamos de clube em clube todas as noites”.

Quando questionada sobre o atual estado do clube, Miriam ressalta que não houve uma decadência. “Não entro no Libanês já fazem 10 anos. Os tempos mudam. O lugar foi substituído por outros que a nova geração frequenta. Não foi uma perda, o progresso substituiu. Houve uma modificação, não decadência”.

O Passado Esquecido

O Clube passou a ter uma energia diferente após o surgimento de novos estabelecimentos e o advento da modernidade. Com cada vez menos sócios, o Clube têm apenas um projeto em atividade e se transformou em uma casa de bailes para o público da terceira idade.

Há 18 anos fazendo bailes todas as sextas- feiras e domingos, das 18h às 23h30, para os idosos, Ruth Ribeiro, aos 73 anos, diz que tenta manter a documentação em dia para que esse patrimônio continue em atividade. “É uma pena, porque é um clube maravilhoso.  Para manter um clube desses tem que ter sócios, mas não há mais o interesse. Aqui tiveram peças de teatro, desfiles de moda, quando não tinha esses outros lugares. É uma pena isso não continuar”.

O baile feito hoje por Ruth Ribeiro é o único remanescente da agenda do Clube Libanês, e felizmente, cresceu com o passar do tempo. “Quando comecei a frequentar o baile em 1999 tínhamos uma base de 50 pessoas. Hoje em dia são mais de 150, 200 casais. E o público é mais a terceira idade. Há jovens, mas não muitos. Aqui não tocamos sertanejo, é dança de salão. Gosto de mexer com isso aqui”.

Em outubro de 2017, o juiz da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, Alexandre Antunes da Silva, determinou o fim das atividades no Clube Libanês até que os alvarás necessários fossem apresentados.

Com a documentação em dia, hoje o clube volta a ser um museu escondido com arquitetura rara que transporta os visitantes para os tempos que não voltam mais. Os mesmos azulejos do banheiros, o mesmo piso e as texturas nas paredes que mostram a cultura libanesa, permanecem na escuridão durante grande parte da semana, esquecidos.


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