A indígena, que caminhava 2,5 km diariamente, somente para pegar o e ir da aldeia Bororó até Dourados, na região sul do Estado, se tornou doutora. Após a graduação em enfermagem, pela UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Indianara Ramires Machado não parou os estudos e foi aprovada na tese que defendeu na faculdade de medicina da USP (Universidade de São Paulo). Em 110 anos, é a primeira que concluiu o mestrado na instituição.

Antes morando na Aldeia Bororó, conta que caminhava até a Aldeia Jaguapirú e lá pegava o ônibus. Na ocasião, contava com o apoio do Vale Universidade Indígena [benefício instituído pelo governo estadual].

Após a formação, seguiu estudou e, recentemente, defendeu com sucesso a dissertação intitulada: “Análise interdisciplinar e intercultural sobre as pessoas vivendo com Vírus da Imunodeficiência Humana e a Síndrome da Imunodeficiência na população Guarani da Terra Indígena de em Mato Grosso do Sul”.

Ao falar sobre o assunto, se disse “muito honrada” em ser a primeira indígena a defender um trabalho de mestrado na USP. “Esperamos que nossa pesquisa venha contribuir para as melhorias nas políticas de saúde ofertadas para os Povos Indígenas”, afirmou ao informativo da universidade.

Enfermeira é referência de saúde pública entre os povos indígenas

Indianara ao lado da banca acadêmica. (Arquivo Pessoal)

Referência de saúde pública entre os povos indígenas, Indianara atuou como enfermeira numa unidade básica de saúde da aldeia Bororó, entre os anos de 2013 a 2017. Em seguida, trabalhou como coordenadora técnica do Polo Base de Dourados, do DSEI (Distrito Sanitário Especial Indígena), de 2017 a 2020.

Pertencente à etnia Guarani Kaiowá, Indianara ressalta que sempre gostou de na área da saúde e que sua formação sempre foi uma construção coletiva, não só para ela e a família, mas, toda a comunidade indígena.