VÍDEO: De guampa de tereré a capivara em ‘tamanho gigante’, Elias ganha a vida fazendo esculturas há 30 anos em MS
Artista trabalha à beira da BR-163 e entrega pedidos em todo Brasil, além de ter reconhecimento no exterior
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As esculturas são imponentes, pesam até 650 kg e chamam muita atenção quando transportadas, em caminhões, pelas rodovias do Brasil. E os pedidos são os mais inusitados: guampa de tereré, imagens religiosas, super-heróis, peixes, onças, capivaras e até cachorro em ‘tamanho gigante’ para ser colocado no alto do túmulo do antigo dono. Responsável por este trabalho há 30 anos, Elias José Simões, de 52 anos, atua à beira da BR-163, em Dourados, na região sul do Estado. Assista ao vídeo no final da matéria.
Antes de forrar as esculturas com cimento e trabalhar minuciosamente a pintura, o artesão conta que faz a estrutura e soldagem no ferro. Enquanto trabalha, acompanha o vai e vem dos carros na rodovia e aguça a curiosidade de quem passa pelo local. Mas, antes de fixar endereço na região, Elias conta que fazia esculturas em cerâmica e sempre teve o peixe dourado e a imagem de Nossa Senhora como os “preferidos” na hora da confecção.
“Aqui na 163 eu estou há 10 anos, mas, tive uma longa história até chegar aqui. Tenho clientes do Brasil inteiro, só que os que mais passam aqui e pedem são pessoas do Paraná, Mato Grosso, só que tenho peças em Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná…enfim, no Brasil inteiro. Vivo desta arte há muitos anos e é com ela que sustentei meus quatro filhos. Também tenho quatro netos”, afirma Elias ao Jornal Midiamax.
Sobre os pedidos mais curiosos, Elias comenta que “gosta de desafios” e procura satisfazer todos os clientes. “Uma vez tive o pedido de 36 imagens do candomblé. Fiz esculturas de orixás, tranca-rua, tudo para um castelo. No começo, mexeu com o meu psicológico, mas, aceitei o desafio. Também fiz o símbolo demolay da ordem de maçonaria, com uma coroa feita de zinco e as espadas, tudo bem diferente dos santos do catolicismo, que eu estava mais acostumado”, comentou.
Com décadas de experiência, o artesão ressalta que fez inúmeras amizades. “Tem advogados, juízes, políticos, muita gente frequenta aqui e eu tenho amizade. Eu ia inclusive receber uma homenagem no dia do artesão, só não teve por conta da pandemia. Ouço muitas histórias, uma delas foi desse pai que pediu uma estátua do cachorro do filho, para colocar no túmulo dele. O menino foi pegar uma espingarda para matar o ladrão e ele acabou morrendo por conta de um disparo acidental. O cachorro ficou idêntico”, relembrou.
A média da maioria das esculturas é de 2 a 3 metros, pesando cerca de 100 kg. No entanto, há pedidos de seis metros, de até 600 kg e os valores podem chegar a R$ 8 mil. “Uma vez fiz uma árvore para o município de Laguna Carapã desta altura, até com os passarinhos. E agora estou tendo proposta de um cristo redentor. Estão sinalizando e eu devo fazer”, comentou o artesão.
No início da trajetória, Elias conta que “não tinha nem uma bicicleta”. “Quando eu cheguei aqui na Vila São Pedro, não tinha nada. Tenho sete irmãos, meu pai era alcoólatra, tive uma infância precária. Não tive oportunidade de estudar, tenho só a segunda série, mas, consegui fazer do meu talento a minha fonte de renda e deu tudo certo, graças a Deus. Tenho na memória as enchentes que sofri quando morava no Cachoeirinha. Perdi tudo e hoje tenho a minha casa, minha firma, meu carro novo para passear, minha área de lazer bem montada com piscina. Foi sofrido chegar até aqui, mas eu cheguei e me orgulho disso”, finalizou.
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