Primeiro músico a inserir ‘dicionário pantaneiro’ na MPB, Chico Lacerda é lembrado por genialidade
Chico Lacerda, o fundador do ‘Grupo Acaba’, morreu na terça-feira (18). Ele estava internado na Unimed há tempos e faleceu em decorrência de demência vascular
Nathália Rabelo, Graziela Rezende –
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Chico Lacerda faleceu aos 76 anos na terça-feira (18), mas seu legado ficará marcado para sempre na história de Mato Grosso do Sul. Nascido no distrito de Albuquerque, às beiras do Rio Paraguai, viveu o propósito de levar as belezas do Pantanal para outros lugares do Brasil. Para amigos e familiares, Lacerda será lembrado para sempre por sua genialidade e amor à cultura pantaneira.
Ele foi o primeiro compositor de Mato Grosso do Sul responsável por introduzir o ‘dicionário pantaneiro’ na Música Popular Brasileira (MPB). Em suas composições foram apresentados os termos ‘camalote’, ‘carandá, ‘capivara’, ‘bugre’ para todo o Estado, além das demais regiões brasileiras.
Destacam-se, então, as músicas ‘Ciranda Pantaneira’, ‘Fernando Vieira’, ‘Pássaro Branco’ e tantas outras do Grupo Acaba que inspiraram outros artistas nos anos 70, como Paulo Simões, Almir Sater, Geraldo Espíndola, bem como Geraldo Roca.
“Quando morre alguém envolvido com um projeto cultural como o ACABA, o qual conheço desde que começou na gravadora Marcus Pereira, a tristeza é grande. Perdemos um ser humano que contribuiu com o bem-estar espiritual de sua comunidade e, consequentemente, assistimos o ciclo da vida deixando o movimento musical que o Chico ajudou a construir, saudoso da sua presença. Mas o que foi escrito, jamais se apagará”, afirma o músico Renato Teixeira.
Para Moacir Lacerda, o irmão Chico se destacou como letrista, compositor, poeta, artista plástico e publicitário.
“Chico colocou uma lupa na cultura pantaneira e, pantaneiro legítimo, foi quem melhor decifrou os costumes, os hábitos, o jeito e o modo de ser do pantaneiro”, diz Moacir.
Criatividade pulsava nas veias
Além de ter fundado o Grupo Acaba, Chico Lacerda também foi responsável por criar a Art Traço, uma das primeiras agências de publicidade de Mato Grosso do Sul. Com uma criatividade que pulsava nas veias, Lacerda ajudou a profissionalizar o mercado publicitário.
“Ele conseguiu alavancar várias campanhas, trabalhar para o Governo também. Então acaba sendo pioneiro nessas duas frentes: tanto na música como na publicidade”, recorda Moacir.
A coordenadora do MIS-MS (Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Su) afirma ao MidiaMAIS ter conhecido o Grupo Acaba quando ainda estava na faculdade. Para ela, as músicas ofereceram a ela sentimento de pertencimento.
“A poesia e sonoridade do Grupo Acaba é algo singular, me lembro que conheci a música deles na faculdade quando ganhei o CD do grupo e ouvi-o incansavelmente, pois a utilização de vários sons que rementem à natureza, o Pantanal, nos conecta ao nosso lugar, traz um sessão de pertencimento, pois estamos rodeados pelos sons que eles utilizam. Além disso, inserem nomes de lugares e animais que fazem parte da nossa memória afetiva. Sem dúvida perdemos um grande artista que deixa um grande legado a nossa música, e no fim somos a memória que deixamos por aqui, e a dele é sem dúvida a encantadora memória sonora”, afirma a cineasta, emocionada.
José Francisco Ferrari Zito, diretor-geral da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), explica como a morte de Chico Lacerda é uma grande perda, uma vez ter sido uma pessoa muito importante para a música e artes visuais.
“Falar do Chico é falar sobre as singularidades culturais de Mato Grosso do Sul. Uma pessoa que sempre se preocupou com a preservação do Pantanal, da nossa fauna e flora. Mostrou isso nas suas composições e sempre representou muito bem a cultura sul-mato-grossense”, conclui.
Morte de Chico Lacerda
Chico Lacerda foi fundador do ‘Grupo Acaba’ e morreu na terça-feira (18). Ele estava internado na Unimed e faleceu em decorrência de demência vascular.
Amigos e familiares do compositor se reuniram na manhã desta quarta-feira (19) no cemitério Parque das Primaveras para se despedir. Na ocasião, o sócio de Lacerda, Wanderlei Bernardo, comentou sobre os últimos momentos do amigo ao Midiamax.
Entre idas e vindas aos médicos, ele falou que Chico estava morando sozinho, porém, tinha monitoramento de uma cuidadora. Ele já estava internado há algum tempo. “Sempre foi um homem muito correto, respeitoso e exigente”, finalizou.
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