Desde que foi anunciado para rifa, o famoso FuscãoLengo tem chamado atenção em Mato Grosso do Sul. Por sua cor verde original e modelo datado de 1974, é impossível passar despercebido pelas ruas. Com valor de R$ 30 cada rifa, objetivo é ajudar a instituição Cotolengo — que atende pessoas de baixa renda. No entanto, antes de virar o FuscãoLengo, veículo viveu histórias na antiga família e percorreu 800 quilômetros até chegar a .

O MidiaMAIS foi atrás dos responsáveis pela ideia e conversou com o empresário Rinaldo da Rocha Nunes, 49 anos, e com o presidente do Clube de Colecionadores de Veículos Antigos Pantanal MS, Marcelo Rodrigues Saad, de 53 anos. Eles contaram à equipe de reportagem como tudo começou partindo de boa ação. Em contato com o Padre Valdeci Marcolino, diretor da Cotolengo, Rinaldo teve a grande ideia de comprar um fusca para realizar a em prol dos 50 anos da entidade no Estado.

Para ajudá-lo nessa missão, o empresário convidou Marcelo para encontrar um fusca que, além de conservado, pudesse representar a essência da Cotolengo.

“A gente quis fazer o fusca porque toda família tem uma história no fusca, toda família lá no passado, se ela não teve, o tio teve, o avô teve. Então, todo mundo tem uma história dentro do fusquinha”, recorda Nunes ao MidiaMAIS.

Depois de muita procura em sites de anúncio, Marcelo, enfim, encontrou o modelo desejado em Olímpia, cidade no interior de São Paulo. Porém, distância não foi um problema para ele, muito menos para o carro.

Fuscão antes de ser o FuscãoLengo

Marcelo trabalha com carros antigos há muitos anos e logo ao avistar o veículo verde de 74, teve certeza de que ele seria perfeito para a instituição devido à sua cor, que representa esperança.

O contato foi feito com João Carlos, morador de Olímpia, responsável pelo anúncio da venda. Segundo Marcelo, homem é tio da dona do veículo e possui deficiência motora desde os 16 anos, quando sofreu acidente e ficou paraplégico.

Ainda segundo Marcelo, João teria passado por várias sessões de fisioterapia. Hoje, homem trabalha como motorista de ônibus de usina no interior de São Paulo. Entre idas e vindas, ele também passeou com o fuscão verde. O veículo também teria passado muitos anos com a família e a era a sobrinha de João Carlos quem dirigia ele.

Depois de um tempo, a mulher percebeu ser a hora de passar o carro adiante.

Viagem a Campo Grande

Marcelo logo topou o acordo e intermediou a compra feita por Rinaldo. Ele foi até Olímpia para pegar o fusca e veio dirigindo ele até a Capital sul-mato-grossense.

“Peguei o carro e vim embora, eu rodei 800 quilômetros. Saí de Olímpia, passei em São José do Rio Preto e vim embora. Foi um tanque e meio de combustível, rodando bem, é um fusca de 1500, vim embora sem dor de cabeça. Não furou nem pneu”, recorda o colecionador.

Como uma boa viagem sempre tem os ‘perrengues' para contar, o único empecilho ocorreu entre Ilha Solteira e Castilho, ambos municípios de São Paulo. Na rodovia, um dos faróis do fusca caiu, mas foi consertado em seguida.

“Eu comprei um novo em e continuei a viagem”.

O fusca chegou a Campo Grande e passou por revisão até ser entregue para o Padre Valdeci, do Cotolengo. Desde então, foi carinhosamente apelidado de ‘FuscãoLengo'. Todo o processo ocorreu em 2021.

FuscãoLengo sendo entregue para a Cortolengo
FuscãoLengo sendo entregue para a Cortolengo (Foto: Arquivo Pessoal)

Características do veículo

FuscãoLengo é de 1974 e modelo 1500, conhecido como ‘fuscão' na época. Conforme Marcelo Saad, é o fusca com maior potência e tem consumo mediano de combustível.

“Essa cor verde é a cor do fusca. O que foi feito nele foram os bancos para melhor conforto. O restante do carro tudo é original”.

Apesar da linha da Volkswagen ter parado de ser produzida no em 2003, fusca ainda segue no coração do brasileiro. Marcelo ainda afirma que no universo dos veículos antigos, é a opção mais comercializada. Colecionador confere o sucesso à praticidade e baixo custo de reforma do veículo.

“É um carro que nos anos 80 até os 90 era um carro bastante popular. Que pegava em de chão, em estrada de asfalto, levava famílias. Era o carrinho do dia a dia, manutenção muito barata […] é um carro bem fácil de dirigir, então agrada muita gente”, diz.

Agora, esse belo FuscãoLengo estará na garagem do novo dono em breve.

Sentimento de gratidão

Assim define Rinaldo ao ver que a rifa está proporcionando bons resultados à Cotolengo. Atuante na filantropia, ele afirma estar na caridade a salvação das pessoas.

“Eu me sinto realizado, gratificado porque várias pessoas estão podendo ajudar. Eu ajudei com o fusca e qualquer outra pessoa pode ajudar comprando um número. Não importa o valor, importa você doar um pouquinho que seja […] sentimento de dever cumprido”, afirma.

O mesmo é apontado por Marcelo Saad.

“Para nós é bem gratificante poder ajudar uma entidade tão séria como a Cotolengo […] esse é o nosso trabalho. Devolver um pouquinho do que a gente tem em virtude daquelas pessoas que estão necessitando”, conclui.

Rifa foi lançada em junho, enquanto sorteio será no dia 12 de novembro pela Loteria Federal.


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