As exposições de obras de artistas de Mato Grosso do Sul, como Roberto de Lamônica e Masahiko Fujita, e artistas de outros Estados que abordam por meio das artes visuais temas contemporâneos e contundentes, como Gervane de Paula (MT) e Lourival Cuquinha (PE), estão expostas no Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul (Marco) e abertas à visitação.

Shirley Aparecida Rodrigues Fujita representou seu pai, Masahiko Fujita, falecido há três anos. Shirley é a única filha biológica do artista, que tem também uma filha de criação. Shirley cursa Direito e é dona de casa, mas herdou do pai o interesse pelas artes visuais, fazendo, como amadora, desenho, trabalhos em carvão, grafite e artesanato.

“Eu e meu pai sempre fomos muito ligados. Ele era muito metódico com todas as coisas que ele realizava. Não gostava de fazer uma obra de uma vez só, era detalhista, estudava muito para fazer uma obra. Deu aulas de desenho e pintura até três meses antes de falecer”.

As obras expostas de Roberto de Lamônica pertencem ao acervo do professor doutor Gilberto Luiz Alves. A ideia de reunir obras para montar um acervo do artista praticamente desconhecido em sua terra surgiu de Gilberto e da artista Angela Miracema.

“Há dois anos, conversando sobre a possibilidade de formar um conjunto da obra de Lamônica, a Angela se prontificou a frequentar leilões. Conseguimos adquirir de 12 a 14 obras, nem todas estão aqui na exposição. Este artista nascido em 1933 em Ponta Porã sempre viveu no exterior e é pouquíssimo conhecido em sua terra. Só houve uma exposição no século 21 do artista, que foi em Brasília, além desta aqui no Marco, que é a primeira dele em Mato Grosso do Sul”.

O artista cuiabano Gervane de Paula já participou anteriormente em uma exposição coletiva no Marco, mas com esta, individual, é a primeira vez. “Esta é uma exposição diferente. Eu tradicionalmente sou pintor, mas com o tempo meu trabalho foi ganhando novos suportes, novos materiais, como desenho, pintura, objetos, instalação e vídeo, pois o comportamento de arte que se faz hoje no mundo se utiliza de todas as linguagens”.

“Moro e vivo na região de Mato Grosso, não nos grandes centros, e faço uma arte que tem diálogo com a arte contemporânea que usa argumentos da mina região. Sou ‘'ouvido' nacional e internacionalmente, falando do meu próprio quintal, enfrentando os conflitos que a arte impõe”.

A respeito de sua exposição ser proibida para menores de 18 anos, o artista explica: “São obras que têm a questão da sexualidade, mas não é pornográfica nem tem o propósito de agredir, o trabalho quer buscar refletir sobre o tempo que a gente está vivendo. As têm sofrido mais com esta censura”.

Na solenidade de abertura a coordenadora do Marco, Lúcia Mont Serrat, agradeceu a presença de todos e se desculpou pelo transtorno da mudança da data da exposição. “Mas estamos muito felizes por tê-los aqui hoje. Esta é uma temporada diferente por apresentar dois projetos do museu póstumos e outros dois premiados pela Funarte. Para que a visitação seja mais tranquila, vamos receber 15 pessoas de cada vez para melhor apreciação do espaço. Tem muita coisa para observar e apreciar. Agradeço a toda a nossa equipe, que se desdobra para manter todo o trabalho em dia. Gratidão, obrigada”.

Serviço

O Museu de Arte Contemporânea fica na Rua Antônio Maria Coelho, 6000 – Parque das Nações Indígenas. Fone: (67) 3326-7449. A entrada para 3ª Temporada de Exposições é franca. A exposição Mundo Animal, com o artista Gervane de Paula (MT – Funarte) é para maiores de 18 anos; as demais têm classificação livre.

O período de visitação vai até 16 de dezembro de 2018, de terça a sexta feira, das 7h30 às 17h30. Sábados, domingos e feriados, das 14 às 18 horas. Escolas podem agendar visitas mediadas ao Museu por telefone. Informações também pelo site do Marco