Chef Roberta Sudbrack estima prejuízo de R$ 400 mil com Rock in Rio
Vigilância Sanitária apreendeu 160 kg de alimentos
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Vigilância Sanitária apreendeu 160 kg de alimentos
Em entrevista ao G1 neste sábado (16), a chef Roberta Sudbrack estima ter tido um prejuízo de pelo menos R$ 400 mil no Rock in Rio com a apreensão e descarte de alimentos pela Vigilância Sanitária. Do total, R$ 200 mil foram pela compra dos produtos apreendidos e outros R$ 200 mil que seriam do lucro arrecadado nos sete dias de evento.
O órgão subordinado à prefeitura recolheu, na sexta-feira (15), 160 quilos de alimentos que seriam comercializados. Outros 850 quilos do estande “Roberta Sudbrack – Bar de Cachorro Quente” foram lacrados.
Roberta Sudbrack acusou os 15 agentes da Vigilância Sanitária de usar a truculência no momento da fiscalização. Segundo ela, havia cerca de 100 pessoas na fila para serem atendidas e mais cinco funcionários, três deles nutricionistas.
“É um momento difícil para mim como profissional. Fomos tratados como se estivéssemos fazendo algo errado, como se estivéssemos carregando malas de dinheiro. Foram truculentos. Não podemos ser tratados assim. Foi abuso de autoridade”, contou.
“Trabalho com os mesmos produtos há 20 anos. Sempre passei por fiscalizações durante esse tempo e nunca foram apreendidos. Antes de chegar no Rock in Rio, eles passaram por uma transportadora e por dois aeroportos, tudo com nota fiscal. Eu não os trouxe na mala do carro de forma irregular”, ressaltou.
A chef informou que conseguiu na Justiça uma liminar para que cerca de 100 quilos de queijo, seis mil linguiças e seis mil salcichas apreendidos não sejam jogados fora.
“Os garis não quiseram jogar toda aquela comida fora. Eles choravam muito. Os meus funcionários, um deles já passou fome, também choraram. A direção do Rock in Rio pediu para eu continuar, mas, por questão ética, não vou. Fui tratada com desrespeito”, conta Roberta Sudbrack.
Roberta escreveu à mão um aviso colado em seu estande do Rock in Rio: “Fomos fechados pela Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro porque usamos produtos de artesãos brasileiros. Todos os nossos produtos estavam dentro das normas sanitárias e dentro da validade. Os produtos foram jogados fora!!! Enquanto no mundo tanta gente está morrendo de fome!!”.
Com o lucro do evento, a chef iria investir em outros projetos. Roberta lamentou a situação:
“Sem o pequeno produtor nacional, a gastronomia brasileira acabará. Na Europa, esse tipo de produção é motivo de orgulho. Participei de congressos na Espanha, na Itália e na França. Contei a história desses alimentos e os ofereci para degustação. Todos adoraram. É um trabalho da vida inteira que está em jogo. Não é um carimbo (da prefeitura)”.
Foi vendendo cachorros-quentes durante a juventude, em Brasília, que Roberta Sudbrack, gaúcha de Porto Alegre, começou a trabalhar com comida aos 17 anos. Chef de cozinha premiada, ela também trabalhou por sete anos para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no Palácio do Planalto. Cursou veterinária, mas não se formou. Roberta é autodidata em culinária.
Em 21 de janeiro deste ano, a chef anunciou o fechamento do restaurante que tinha o seu nome, no Rio. Aberto em 2005, a ideia do estabelecimento era de alta gastronomia. O local recebeu uma estrela no primeiro guia Michelin brasileiro e outros prêmios.
Sem autorização para venda
A Vigilância Sanitária do Rio divulgou nota na tarde deste sábado (16) sobre a apreensão de alimentos. Segundo o órgão, os produtos encontrados no local pelos técnicos não possuíam registro para a comercialização dentro do município, chamado de Serviço de Inspeção Federal (SIF).
“Portanto, os 160 kg de alimentos irregulares encontrados no Rock In Rio, que seriam disponibilizados imediatamente à população, foram impedidos de serem comercializados. Já os 850 kg de alimentos encontrados no local de estoque, que fica localizado fora da área do evento que seria usado para abastecer o estande, foram lacrados para impedir a comercialização”, diz a nota.
A Vigilância Sanitária informou ainda que será encaminhado um ofício ao Ministério Público para que seja definida a destinação dos produtos lacrados “já que entraram de forma ilegal no município”. Segundo os técnicos, Roberta Sudbrack não foi proibida de vender os alimentos nos próximos dias do evento, mas deverá apresentar a documentação exigida.
“De acordo com a redação do artigo 4º da lei 7.889 de 23 de novembro de 1989, apenas produtos oriundos de estabelecimentos registrados pelo Ministério da Agricultura estão habilitados ao comércio interestadual e internacional. No estabelecimento Sudbrack Gastronomia, foram encontrados produtos de origem animal (linguiça e queijo) sem os devidos registros. Ainda, segundo o artigo 12 do decreto 6235 de 30 de outubro de 1986, todo alimento só deve ser exposto ao consumo se estiver devidamente registrado em órgãos competentes”, ressaltou o órgão da prefeitura.
A Vigilância Sanitária, por meio da assessoria de imprensa, negou ao G1ter havido truculência por parte dos agentes da fiscalização.
Organização do festival lamentou
Em nota ao G1, a direção do Rock in Rio lamentou:
“A organização informa que é responsável pelo mix de produtos oferecido ao público, garantindo uma oferta variada. Fica a cargo das marcas o cumprimento das normas previstas pelos órgãos competentes. O Rock in Rio lamenta o ocorrido e a saída da Roberta Sudbrack do evento.
A Operação do Gourmet Square foi um sucesso, com atendimento a mais de 14.3mil pessoas. A média de espera de atendimento foi de apenas 10 minutos e a administração do espaço foi feita com tranquilidade, preservando o conforto do público.
A Gourmet Square tem a operação de chefes como Pedro Benoliel e Ogro Jimmy e dos restaurantes Açougue Vegano, Famiglia Rivitti, Di Blasi, On Japa, SertaNorte, Gouranga Veggie, Melhor Pastel do Mundo, Feijú do Benola, Botero, Deli Delícia, Bar Central e Karaage Chicken Gourmet”.
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