Tendência do momento, ‘Aula de Bar’ é prova de que concurseiro tem, sim, vida social

Tendência do momento, aulas abertas tiram estudantes da rotina

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Tendência do momento, aulas abertas tiram estudantes da rotina

Ficar trancafiado no quarto, imerso a livros e apostilas, anos a fio, é a fórmula mais clássica para conseguir aprovação em um concurso público, daqueles bem disputados. Mas, as coisas estão mudando, não só no perfil do público que tem se preparado para estes exames – que está cada vez mais jovem – mas também nas metodologias, que recorrem à práticas mais dinâmicas e interativas. Tudo para se ajustar às novas tendências, num contexto em que o concurseiro tem, sim, uma vida social.

A tendência do momento, a propósito, são as ‘aulas de bar’, que finalmente chegaram a Campo Grande. Sim, é exatamente isso que você está pensando: aulas de cursinho que funcionam nas dependências de um bar, com direito a rodada de chopp, petiscos, e a conhecer gente nova enquanto pega os macetes passados pelo professor. Quem trouxe a ideia para a cidade, no caso, foi Deodato Neto, que há 16 anos ensina informática voltada a concursos.

Basicamente, a ‘aula de bar’ é um momento de ensino que recorre à descontração, na qual a pessoa sai da rotina e relaxa um pouco mais, podendo bebericar e petiscar – com limites – enquanto assiste à aula. O conteúdo das aulas é basicamente o mesmo, embora os professores se preparem para trazer algo mais dinâmico, que combine mais com o clima do bar.  Em Campo Grande, a primeira edição, digamos assim, aconteceu na noite da última quarta-feira (21).

“A ideia aqui é fugir do isolamento e assim proporcionar ao candidato um momento interessante de aprendizado”, explica Deodato, que é de Campo Grande, mas atualmente mora em Brasília, a ‘meca’ dos concurseiros. “A gente está começando agora por aqui. É meio que uma ‘aula de bar’ teste, mas esse modelo já funciona muito bem em Brasília”, conta o professor.

Sem peso na consciência

Pelo visto, dá para aprender entre um golinho e outro de cerveja (Guilherme Cavalcante/Midiamax)

 

Uma das aulas realizadas por Deodato em bares em Brasília, a propósito, reuniu 600 pessoas. Em Campo Grande, foram cerca de 20 na ‘primeira chamada’, de muitas que poderão, ainda, acontecer. “Dá um pouco menos de culpa estar aqui, tomando um chopinho de leve, enquanto o professor repassa o conteúdo”, brinca Lidiane Marques, que reuniu amigas para o evento inusitado.

Na turma também está Cassilda Kirneu. Formada em direito, ela estuda para concursos da área policial e já está entre os livros há cerca de quatro anos. “Nesse tempo eu abri mão de vida social. Estou melhor, mas já tive fase de passar domingo e feriado estudando 10 horas seguidas. Por isso que a aula de bar é bacana. Ela descontrai, ajuda a relaxar. A gente se solta, conversa com outras pessoas, troca ideias”, aponta.

Patrícia Gabriele, que se prepara para o concurso da Polícia Civil desde o começo do ano, é uma das que foi movida pela curiosidade. “Nunca tinha visto ou ouvido falar, decidi ver qual é. Essa aula de bar chama atenção por ser em um lugar descontraído, que serve para a gente fugir da rotina de estudos, mas sem deixar de estudar. O jeito mesmo do professor passar conteúdo já é inusitado. Imagina isso num bar funcionando?”, aponta.

Novo perfil

Caique (de vermelho) tem 21 anos e já busca aprovação em concursos (GC/Midiamax)Uma pesquisa realizada em 2013 pelo Grupo Educacional CEV trouxe que o perfil dos concurseiros mudou bastante. Agora, mulheres de 18 a 35 anos e com nível superior são as que mais procuram a estabilidade e bons salários de funcionário público. Com isso, a metodologia de ensino também precisa se adaptar ao novo grupo.

“Em geral, os alunos gostam das aulas abertas, como a ‘Aula Bar’, ‘também porque o perfil do candidato é diferente. Embora ainda tenha aquele concurseiro mais sério, focado, hoje eles são cada vez mais jovens. O recém formado já está passando nos concursos. A maioria dos aprovados têm cerca de 26 anos”, destaca Deodato, que também faz ‘Aulões da Madrugada’ pela internet, 

Também de olho em uma das vagas de ensino médio da Assembleia Legislativa, Caique Moura tem 21 anos, é estudante de direito e também já sonha com a tão disputada estabilidade do funcionário público. “Não só eu, mas vários colegas já decidiram fazer concurso assim que se formar”, conta. “Mas se a aula puder ser num bar ou num espaço diferente de vez em quando, fica bem mais interessante”, conclui.

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