Sem dinheiro e com muita boa vontade, amigos criam horta sustentável em favela
Produção conta com colaboração de moradores na Cidade de Deus
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Produção conta com colaboração de moradores na Cidade de Deus
Com aproximadamente R$ 500,00 e muita boa vontade investidos, dois amigos, o engenheiro agrônomo, Carlos Sales, e o acadêmico de História, Luciano Alonso, aceitaram o convite feito por um morador da Favela Cidade de Deus, localizada na região sul de Campo Grande, para criarem uma horta comunitária no local.
O convite feito em meados de 2015, foi baseado no trabalho que os amigos já desenvolviam no Otávio Pécora, na região norte da Capital. Com o sim de Salles e Alonso, em setembro do ano passado, a horta, situada em uma área de aproximadamente 20 m², foi ganhando forma. A terra começou a receber os primeiros adubos e plantios e não demorou muito para despertar o interesse de outros moradores e, principalmente, das crianças.
Curiosos e cheios de energia, as crianças foram atraídas pelo novo projeto e de acordo com Salles, os pequeninos se tornaram os principais colaboradores. “Eles gostam muito. É uma grande diversão para a garotada do bairro e pra gente isso é muito importante e gratificante. Nos dá a sensação de dever cumprido”, afirma com tom de alegria.
Orgulhoso, o engenheiro agrônomo diz que já foram plantadas 800 mudas de hortaliças. Desse trabalho já foram colhidos alface, beterraba, couve, mandioca, pepino, rabanete, repolho, e salsa, no entanto, outras plantações ainda estão em fase de crescimento e ainda não puderam ser colhidas. Tudo que é cultivado fica à disposição do moradores da favela. “É só chegar, escolher e levar”, garante Salles.
“É tudo para eles. Ainda estamos desenvolvendo esse trabalho de conscientização de que tudo que tem ali é deles”, explica. Apesar do esforço, nem todos da comunidade compreenderam que têm o direito de usufruir das plantações e o principal objetivo é de que em 2016, todos tenham essa consciência. “Queremos expandir a ideia e beneficiar o máximo de famílias possível. A intenção é de que eles se tornem cada vez menos dependentes de doações externas”, frisa.
O engenheiro agrônomo ressalta que o trabalho pode ser expandido. “Está crescendo aos poucos. A tendência é de que aumente a variedade de plantações e quem sabe, que possamos levar o projeto para outras áreas”, observa. A divulgação da horta comunitária na Cidade de Deus é feita de forma simples e objetiva, um morador passa a informação para outro.
“Divulgamos no boca a boca, em reuniões e ações comunitárias que são realizadas na favela. Queremos colocar uma placa para que todos da comunidade vejam”, revela. O projeto, como o engenheiro agrônomo explica, foi criado com o intuito de atender a comunidade, no entanto, não há cadastro ou algum outro tipo de controle que assegure a entrega das hortaliças apenas aos moradores.
Salles destaca que ele e os voluntários contam com a honestidade de cada um. “Não fazemos o controle. Na comunidade todos se conhecem e eles são bem honestos, ninguém tenta se aproveitar do nosso trabalho. Para se ter uma ideia, nunca houve furto de nada, nem de ferramentas”, garante.
Embora a horta comunitária seja destinada aos moradores da favela Cidade de Deus, quem quiser, também pode se beneficiar do trabalho, no entanto, há uma única exigência: quem colhe, também deve colaborar. “Podem vir e pegar o que quiserem, mas precisamos que colaborem, nos ajudem a plantar e cuidar para garantir o crescimento da horta”, pontua.
Os interessados em colaborar podem se voluntariar, para isso basta ir ao local e procurar um dos responsáveis pelo trabalho.
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