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Para celebrar liberdade, haitianos em Campo Grande comemoram o Dia da Bandeira

Festa foi realizada em parceria com pastoral
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Festa foi realizada em parceria com pastoral

A Festa da Bandeira no Haiti, comemorada em 18 de maio, é um dos maiores orgulhos do povo haitiano. Isso porque a data celebra o rompimento do país com a França e a criação da bandeira do Haiti – com a adoção das cores da bandeira francesa, mas sem a faixa branca. A partir de então, os haitianos começariam as batalhas pela independência do país.

Campo Grande abriga uma pequena comunidade de haitianos, que foram acolhidos na Capital após saírem do país por conta das condições inóspitas decorrentes do terremoto de 2010, que devastou a ilha. Nesse domingo (15), uma parte dos haitianos da cidade contou com o apoio da Comunidade da Santíssima Trindade, no Jardim Paulista, para reproduzir o II Dia da Bandeira também aqui na Capital. Como no dia 18 todos trabalham, optaram pelo domingo para comemorar tudo o que a bandeira azul e vermelha, de lema ‘Liberdade ou Sangue’, representa. Foi, sem dúvidas, dia de festa, com direito até a improvisar pratos típicos da região e dançar os ritmos regionais.

Aberta à comunidade e com entrada gratuita, o evento contou também com danças regionais do país e até apresentou aos brasileiros a Kompa, gênero musical caribenho com influência africana que representa os ritmos haitianos. Claro, também foi oportunidade de conhecer um pouco mais da cultura do país.

Desde o segundo semestre de 2014, Campo Grande mantém um grupo de cerca de 100 haitianos, que buscam aprender a língua brasileira para recomeçar a vida. Aqui, trabalham principalmente na construção civil, durante o dia. À noite, aprendem português em escolas municipais. E a todo tempo, assimilam também a cultura brasileira.

 

Um dos pratos típicos do haiti é o 'Riz aux pois collés' / Guilherme Cavalcante

 

Festa, kompa, pastel e suco de espaguete

A festa começou cedo no salão da Comunidade Santíssima Trindade, no Jardim Paulista. Mesmo antes das 9h, os convidados começaram a chegar para festejar a bandeira. Dividiram responsabilidades, como a decoração do salão e os trabalhos na cozinha, sem distinção de gênero. No som, a kompa dava o tom da celebração – a luta por um Haiti independente foi a mesma luta que atualmente enfrentam para sobreviver na terra estrangeira, repleta de gente estranha que, ora abraça as necessidades dos imigrantes, ora hostiliza.

O cardápio típico tinha o ‘Riz aux pois collés’, um prato a base de arroz e feijão preto com legumes, que foi improvisado no salão com elementos da culinária brasileira, mas com o tempero marcante do Haiti – que recorre a especiarias como o cravo da Índia. Tinha também o pastel haitiano, que pouco se distancia do nosso (o tempero também é o diferencial). E o tal suco de espaguete, uma bebida de sabor agradável e bastante nutritiva, que leva massa de espaguete batida no liquidificador com açúcar, canela, coco, leite de vaca, leite condensado e batata e cenoura cozidas.

Imigrantes

Haitianos com a mão na massa para o famoso pastel / Guilherme Cavalcante

 

Em Mato Grosso do Sul, há cerca de 11 mil imigrantes, de acordo com  a Pastoral dos imigrantes, incluindo, aí, refugiados – que provém de regiões de conflito, como os Sírios. A localidade onde há mais pessoas é Três Lagoas, com cerca de mil haitianos, seguida por Itaquiraí, com 800. Campo Grande conta com apenas cerca de 100, também haitianos.

De acordo com a irmã Rosane Costa Rosa, integrante da pastoral, as atividades desenvolvidas com imigrantes vão desde o primeiro acolhimento à inserção dos mesmos no mercado de trabalho, além de providenciar, junto ao poder público, aulas de português e assistência social.

A festa também teve o apoio do médico Jean Daniel Zephyr e de sua esposa, Marisa Zephyr. De origem haitiana, Jean formou-se em medicina no Brasil, morou nos EUA e retornou para cá. Quando houve o terremoto, já estava fora do Haiti. “Só muito tempo depois fiquei sabendo que havia imigrantes do meu país aqui. Como não podia simplesmente dar dinheiro a eles, nós começamos a correr atrás de parcerias para melhorar as condições deles, como as aulas de português, por exemplo”, explica o médico.

O grupo também mantém uma fanpage no Facebook, onde compartilha informações e arrecada apoios, inclusive doações, aos imigrantes.

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