Na despedida à Enir Terena, comunidade reforça ensinamentos da cacique
Cacique foi sepultada no cemitério Jardim da Paz
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Cacique foi sepultada no cemitério Jardim da Paz
O sepultamento da líder indígena Enir Bezerra da Silva, a Enir Terena, foi marcado por homenagens e lembranças da luta liderada pela cacique. Membros da comunidade e da aldeia urbana Marçal de Souza não pouparam esforços para homenagens. Na despedida a Enir, que foi a primeira mulher a ocupar o posto cacique em Mato Grosso do Sul, ficou a certeza de que conviver com ela foi um privilégio.
No cemitério onde ocorreu o sepultamento, Jardim da Paz, o hall estava lotado, assim como o estacionamento, com mais de 30 veículos, dentre eles, um ônibus que transportou moradores da aldeia, prova de que nem a distância impediu a comunidade indígena de prestar homenagens. Com a chegada do corpo após o velório, ocorrido no Memorial da Cultura Indígena, no interior da aldeia, o filho mais velho de Enir convocou os presentes para uma oração e agradeceu.
“Temos muito a agradecer pela existência de Enir, que nos deixou muitos ensinamentos, lembranças e vontade de lutar pelos direitos indígenas”, destacou. Após isso, a cerimônica de sepultamento seguiu.
Juvêncio e Rosilene da Silva, que moram na aldeia Marçal de Souza, foram os primeiros a chegar no cemitério. Eles fizeram questão de lamentar a perda de Enir. “Ela era de muita significância para todos nós, não poderíamos deixar de nos despedir. Tem muita gratidão por ela”, afirmou Rosilene.
20 anos de lutas
Enir nasceu no dia 8 e março de 1955, na Aldeia Limão Verde, no município de Aquidauana e mesmo com 61 anos e os problemas de saúde, permanecia ativa na comunidade que fundou. Ela faleceu na tarde da última terça-feira (21), devido a complicações cardíacas. Ela deixou 7 filhos, sendo cinco homens e duas mulheres, com quem morava, e 12 netos.
Durante a gestão do então prefeito André Puccinelli, Enir iniciou a articulação para a criação da aldeia urbana Marçal de Souza, a primeira do Brasil em território urbano, inaugurada em 1995. Trabalhou junto a Puccinelli como coordenadora de assuntos indígenas tanto no município como no governo do Estado.
Em 2015, foi homenageada na 17ª edição da Feira Cultural Indígena, que teve como tema. “Enir Índia: A história de suas lutas e conquistas. Na mesma ocasião, ela também reafirmou a luta pelos direitos dos indígenas e confirmou que continuaria militante. “Caminhamos juntos e fizemos nossa história. Fizemos grandes conquistas, como a construção da Escola Sulivan e a Construção do Memorial Indígena. Cabe a nós preservar e zelar por tudo que temos”, comentou. No mesmo dia, ela também foi homenageada pela Empresa Brasileira de Correios de MS com um selo comemorativo em homenagem ao Dia do Índio.
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