Noiva faz do casamento uma celebração à vida da sogra curada de um câncer
O casal namorava havia 7 anos quando recebeu o ultimato da sogra
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O casal namorava havia 7 anos quando recebeu o ultimato da sogra
Espalhados por várias partes do corpo, os nódulos que surgiram no seio, abreviariam a vida de Matilde Bitencurt, 62 anos. Cansada das tentativas de curar o câncer que durante anos lhe trazia sofrimento, ela se entregou. Mas o que poderia ser um relato triste se transformou em uma ode à vida, não por milagre, mas por amor, um pedido de amor.
Já bastante debilitada, Matilde recebeu a visita da nora Heléia Miranda, 34 anos, e de seu filho Carlos Bitencurt, 31. Entre uma conversa e outra a nora ouve de sua sogra: “por que não se casam? Eu gostaria de entrar na igreja com o Carlos. De vê-lo se casar.” Sem nunca ter pensado na possibilidade, Heléia despistou “ah, sogra, vamos ver. Tenho que falar com o Carlos”, lembra.
Em casa, o casal tocou no assunto pela primeira vez e por apelo da sogra decidiram se casar. “Foi por ela, não pensávamos nisso. Eu não sonhei em me casar”, conta a cerimonialista Heléia. Foi 1 e 4 meses de preparativos para a cerimônia. Cada detalhe foi preparado pela noiva com o pensamento em Matilde.
“Desde que dissemos que íamos nos casar, aquilo criou uma força muito grande nela. Nós percebemos isso e passamos a incentivá-la, dizíamos que ela precisava estar lá, precisava estar presente”.
Com a data marcada, dia 13 de junho de 2015, os dois acertavam os últimos detalhes quando foram surpreendidos pela melhor notícia que podiam receber.
Em abril, após convocação da equipe médica, a família toda compareceu ao hospital para ouvir: “Pelos exames está tudo bem e a Matilde pode seguir com tratamento apenas via oral”. Incrédulos, tanto médicos quanto a família pediram a revisão dos exames e o fato era: Matilde levaria Carlos ao altar.
“Foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Eu não acreditava que estaria presente. Eu pensava: preciso ser forte para não dar essa decepção ao meu filho e à minha nora. Até agora não acredito que consegui”, conta entre lágrimas dona Matilde depois de uma semana da cerimônia. “Eu ainda me emociono, não consigo acreditar”.
Acostumada com casamentos, a noiva também não conseguiu segurar a emoção que viveu em sua cerimônia. “Eu via a alegria das pessoas em ver minha sogra ali, em nos ver felizes, em ver minha sogra viva. Quando entrei na igreja não aguentei foi uma emoção única na minha vida. A festa foi toda dela e ela estava linda, deslumbrante”, conta.
“Levei meu filho como se estivesse carregando uma joia. Com muito orgulho muita alegria. Eu percebia no rosto de cada um a felicidade de me ver. Essa doença te deixa meio desesperado, sabe? E foi a Heléia que me falou: dona Matilde a senhora vai ter que sarar para entrar com meu amor. Eu não esquecia isso e aconteceu.”
Passados poucos dias do casamento, dona Matilde já tem outra data para se agarrar e esperar. Em junho do próximo ano a primeira neta, que vive com a mãe fora do país, retornará aos seus braços. “Eu não curti o casamento das minhas outras duas filhas por conta da doença. Agora não tenho mais nenhum motivo para não curtir a minha vida e a minha família. Estou muito feliz.” E como no maior dos sonhos de dona Matilde, Heléia, agora Bitencurt e Carlos estão vivendo em lua de mel. Que assim seja por muitos anos.
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