Polêmicas no Facebook fizeram Guilherme criar campanha

Diante de tantas reclamações sobre as manifestações de luto no Facebook, afinal de contas, quem realmente está buscando fazer a diferença e, de fato, colocar a em prática? Demoramos, mas conseguimos encontrar quem achou melhor deixar o bate-boca ‘Paris x Minas Gerais' de lado e partiu para a prática.

O especialista ambiental Guilherme Martins, 33, dos quais 18 viveu em Campo Grande, foi um dos bons samaritanos que iniciou uma ‘vaquinha virtual' para contribuir com o fornecimento de água potável aos habitantes de Governador Valadares (MG). A cidade está seriamente prejudicada e declarou estado de calamidade pública, já que o fornecimento de água no local é provido pelo Rio Doce, atualmente um ‘mar' de lama tóxica após o rompimento de barragens de contenção de resíduos na cidade de Mariana, em Minas Gerais.

Cerca de uma semana antes do acidente, Guilherme esteve no Parque Estadual do Rio Doce, que fica a 20km de distância da cidade de Ipatinga (MG), onde atualmente reside. “É muito triste. Uma semana antes visitei o lugar, era muito lindo. Aquilo tudo está destruído, o rio morreu. Acho que por isso eu me sensibilizei bastante”, conta.

Guilherme também destaca que teve a iniciativa por conta dos debates sem fim (e sem propósito) nas redes sociais. “A gente vê muitas coisas nas mídias sociais, muita gente reclamando dos fatos, das tragédias, então eu decidi fazer alguma coisa que realmente ajudasse a situação. Pensei até em mobilizar uma turma e passar de casa em casa, mas acabei optando pelas redes sociais porque dá para ter um alcance maior dessa campanha para fornecer água potável aos necessitados. E como a maioria das pessoas que eu conheço são de Campo Grande, achei que poderia ter um resultado mais rápido”, aponta.

Foi assim que ele criou, no último sábado (14), a campanha que busca arrecadar R$ 1000, quantia que será revertida em água potável aos moradores de Governador Valadares, cerca de 140 km de distância de Ipatinga. Até a publicação desta matéria, já foi alcançada quase metade da meta. Quem também quiser contribuir, basta clicar AQUI.

A turma toda

Guilherme estava certo quando achou que a iniciativa virtual daria resultado rápido. E para completar, também tirou muitos amigos do lugar-comum que se vê nas redes e que também preferiram contribuir com a causa, como e o caso da administradora Luciana Alves de Oliveira, 25. Ela jpa tinha visto que alguns lugares em Minas gerais estavam recebendo doações de alimento, água, roupas. “Mas nenhum era de Campo Grande, que não tem postos de arrecadação. Foi uma ótima ideia do Guilherme fazer uma vaquinha, porque a gente confia mais que o dinheiro vai para onde tem que ir. Quem discute esses fatos na Internet também precisa ter mais atitude”, explica.

O mesmo aconteceu com o arquiteto e urbanista Rodrigo Makert, 28, que também ficou sensibilizado com o ocorrido no Rio Doce. “Eu achei legal a ideia, porque finalmente alguém no Facebook fez algo efetivo. Quando vi que ele era o autor da campanha, tive segurança de que o dinheiro ia chegar ao destino, vi que era uma campanha séria. Ajudei com a quantia de R$ 50 e ainda compartilhei entre meus amigos. Acho que é uma situação Cansado de reclamações, jovem faz ação por vítimas de tragédia em MGem que todo mundo fica sensibilizado, porque o lugar acabou, né?”, diz.

A psicóloga Giovana Tomazela, 30, ficou sabendo da campanha pelo Facebook e também entrou no time. “O meu receio era que a doação não chegasse a quem precisasse, mas quando vi que era o Guilherme o autor, e que além das doações físicas poderia doar dinheiro, resolvi participar com R$ 50. E também divulguei o máximo que pude, tanto no meu Facebook como nos meus grupos do WhatsApp”, relata.

Para o autor da campanha, que mora em Ipatinga há apenas dois meses, saber que o paraíso onde esteve há poucas semanas foi devastado traz um sentimento de frustração. No entanto, melhor que reclamar parado, é tentar fazer a diferença. Ao conseguir a meta, ele irá pessoalmente entregar as doações num posto de coleta em Governador Valadares.  “A gente tem que parar de reclamar das coisas e começar a agir”, conclui.