Campo Grande tem sobra de 30%, mas joga 19% da água que produz

Com folga do sistema de água, Capital poderia abastecer uma Presidente Prudente.

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Com folga do sistema de água, Capital poderia abastecer uma Presidente Prudente.

Enquanto São Paulo (SP) sofre a maior crise hídrica de sua história, com racionamento de água, em Campo Grande há uma espécie de ‘sobra no abastecimento’ que seria capaz de atender, diariamente, uma das maiores cidades do interior paulista. Na prática, a Capital de Mato Grosso do Sul não corre o risco de passar por problema semelhante ao da megalópole, ao passo que sofre com o desperdício acima do aceitável.

Desde 2014 o nível dos reservatórios que abastecem São Paulo está baixando, ao ponto de ser necessário usar o chamado volume morto de várias represas. Em Campo Grande, o excesso na oferta de água seria capaz, por exemplo, de abastecer a cidade de Presidente Prudente, onde há aproximadamente 250 mil habitantes.

De acordo com a concessionária dos serviços de água e esgoto em Campo Grande, Águas Guariroba, atualmente integram o sistema de abastecimento 150 poços. Mais as captações superficiais feitas nos córregos Guariroba, Lageado e Lageadinho que, segundo a empresa, são responsáveis por 55% do abastecimento.

Para o ambientalista Haroldo Borralho, esta tranquilidade em relação à água vivida pelos campo-grandenses resulta de ações para que não houvesse o assoreamento das bacias de abastecimento. “Em 2008, foram feitas mobilizações por causa de denúncias de que a bacia do Guariroba estava assoreando devido a plantação de eucaliptos nas margens.”, explica.

Borralho também cita o programa Manancial Vivo, criado em 2010 pela Prefeitura para o replantio de árvores nativas, recuperação das estradas da região, construção das curvas de nível e cerca nas nascentes. Medidas que, ainda segundo o ambientalista, ajudarão a cidade não passar por problemas de abastecimento.

Campo Grande é banhada por quatro bacias: Lageado, Guariroba, Ceroula e Rio Pardo. Mas, se a oferta é grande, o desperdício também: o índice de perdas atualmente é de 19,4% – o considerado aceitável é na casa dos 17%. Isso porque houve redução significativa, já que há dez anos, segundo a Águas Guariroba, chegava a 35%.

Por isso, mesmo com o privilégio de ter água sobrando, Borralho é cauteloso quanto à necessidade de Campo Grande fazer o chamado uso racional. “Temos um sistema bom, onde 70% do esgoto é tratado, mas se o desperdício de água aumentar e o uso não for feito racionalmente pela população, podemos sofrer também com falta de água”, alerta o ambientalista.

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