Ucrânia anuncia ‘processo de cessar-fogo’
O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, anunciou nesta quarta-feira que fechou um acordo com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para iniciar um processo de cessar-fogo da violência no leste do país. O acordo foi firmado por telefone entre os dois líderes. Inicialmente Poroshenko havia dito que Rússia e Ucrânia haviam combinado um “cessar-fogo permanente”, […]
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O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, anunciou nesta quarta-feira que fechou um acordo com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para iniciar um processo de cessar-fogo da violência no leste do país.
O acordo foi firmado por telefone entre os dois líderes.
Inicialmente Poroshenko havia dito que Rússia e Ucrânia haviam combinado um “cessar-fogo permanente”, mas foi imediatamente rebatido por um porta-voz do Kremlin.
O porta-voz do Kremlin confirmou que Putin discutiu com Poroshenko uma solução para o conflito na Ucrânia, mas negou que se tratasse de um cessar-fogo, já que “a Rússia não é parte do conflito”.
Em seguida, a presidência ucraniana mudou o comunicado que estava no seu site da internet, trocando “cessar-fogo permanente” por “processo de cessar-fogo”.
O conflito na Ucrânia opõe as tropas oficiais do governo ucraniano e militantes rebeldes separatistas pró-Rússia. A Rússia é acusada de apoiá-los; no entanto o Kremlin sempre negou esta relação.
O anúncio inicial de Poroshenko teve repercussões no mercado financeiro europeu, com alta do euro diante das outras moedas. Havia temores de que um prolongado conflito na Ucrânia pudesse prejudicar a economia europeia, ao abalar as relações comerciais da Europa com a Rússia.
Ainda nesta quarta-feira, o presidente Barack Obama se encontra com líderes da aliança militar Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na Estônia.
Ocidente x Rússia
A crise na Ucrânia começou no ano passado, quando a Ucrânia desistiu de aprofundar relações diplomáticas com a Europa, preteridas em favor de acordos bilaterais com a Rússia.
Essa reaproximação com a Rússia indignou muitos ucranianos que foram às ruas de Kiev. Em fevereiro, eles derrubaram o presidente Viktor Yanukovych, visto como aliado do Kremlin.
A queda de Yanukovych provocou um conflito entre dois grandes grupos no país – os nacionalistas ucranianos e os ucranianos de ascendência russa -, alguns deles formando milícias separatistas.
Em março, a Rússia anunciou a anexação da Crimeia, região na península do Mar Morto com grande população russa. A medida foi amplamente condenada por países da aliança militar Otan.
Ramificações
A comunidade internacional também se viu envolvida no conflito. A Rússia foi acusada de apoiar militantes separatistas, mas sempre negou qualquer envolvimento. O Ocidente ajudou os nacionalistas ucranianos com material não-militar.
Em abril, rebeldes ucranianos pró-Rússia tomaram prédios governamentais em Donetsk e Luhansk, no leste do país, dando início a um conflito armado.
Em maio, os ucranianos elegeram Petro Poroshenko, um oligarca com influência junto ao Ocidente e apoio de europeus e americanos. A principal plataforma de Poroshenko era trazer estabilidade à região.
Estados Unidos e Europa adotaram sanções econômicas contra a Rússia, para forçar o presidente Vladimir Putin a negociar uma solução na Ucrânia.
Em meses de conflito, a violência matou 2,6 mil pessoas e forçou um milhão de pessoas a deixar suas casas, segundo a ONU. Mais de 814 mil deixaram a Ucrânia para morar na Rússia. Há relatos de supostas atrocidades cometidas em Luhansk.
A crise é vista como analistas como o mais grave conflito de segurança na Europa desde o fim da Guerra Fria, por colocar em lados opostos duas potências militares: a Rússia e a Otan.
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