RS: grupo picha prédio onde mora suposto torturador da ditadura

No dia em que o golpe que instaurou a ditadura militar no Brasil completa 50 anos, cerca de 20 manifestantes protestaram nesta segunda-feira em Porto Alegre, em frente ao prédio onde mora um ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) acusado de tortura. Com megafone, os ativistas pediram o apoio dos moradores para […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

No dia em que o golpe que instaurou a ditadura militar no Brasil completa 50 anos, cerca de 20 manifestantes protestaram nesta segunda-feira em Porto Alegre, em frente ao prédio onde mora um ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) acusado de tortura. Com megafone, os ativistas pediram o apoio dos moradores para denunciar os crimes atribuídos a Pedro Selig, e picharam na calçada frases com críticas ao ex-delegado.

“Teu vizinho é assassino, torturador e estuprador”, “ditadura nunca mais” e “monstro” eram algumas das mensagens pichadas na calçada. “Cadeia, cadeia, Pedro Selig na cadeia”, cantavam os manifestantes, em paródia da canção “Poeira”, de Ivete Sangalo.

A manifestação foi convocada pelo Facebook e reuniu membros dos movimentos Juntos, Levante Popular da Juventude e A Marighela, além de estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Acompanhados à distância por batedores da Brigada Militar (a Polícia Militar gaúcha), os manifestantes saíram da praça Garibaldi em direção ao prédio onde mora o ex-delegado, na rua Barbedo, bairro Menino Deus.

“Alô moradores do prédio. Nós viemos aqui para ‘escrachar’ o prédio e denunciar a presença desse torturador, chamado Pedro Selig. Aí vizinhança! Aqui nesse prédio mora um torturador! Esse ‘véio’ que mora aqui matou um monte de gente na ditadura”, gritava um dos líderes da manifestação. “Não precisa morar em favela para ser bandido, pessoal. A prova está aqui. Esse senhor matou um monte de gente e nunca foi julgado”, argumentou.

A ação chamou a atenção de curiosos e ganhou apoio de motoristas que trafegaram pela rua, que passaram a buzinar em cumprimento aos manifestantes. Uma moradora do prédio criticou o grupo por pichar a calçada do imóvel. “Vocês vão limpar isso aí?”, questionou a idosa, ao que foi rebatida pelos manifestantes. “O Pedro vai limpar. Esse assunto (tortura) tem que ser debatido na reunião de condomínio, e não a limpeza da calçada, minha senhora. Cadê a consciência política dos moradores?”

Ao ver a manifestação, uma segunda moradora do condomínio desceu de seu apartamento e se uniu ao grupo. Ela relatou ter recebido ameaças anônimas de um vizinho a partir de 1989, quando fez campanha para a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. “Agora que ela sabe que tem um torturador aqui, ela tem certeza que foi ele que mandou as cartas”, disse um manifestante.

O Terra telefonou para o apartamento de Pedro Selig e foi informado que o ex-delegado não estava em casa no momento da manifestação. Até as 17h30, Selig não havia atendido o pedido de entrevista.

Conteúdos relacionados