País tem uma das maiores taxas de cesarianas do mundo
O Brasil realiza pelo menos três vezes mais que o necessário intervenções cirúrgicas nas operações de parto. As chamadas cesarianas, que deveriam ser consideradas exceção à regra, e realizadas em situações emergenciais, viraram corriqueiras e são o método utilizado em 44% dos nascimentos no país, segundo o relatório “Situação Mundial da Infância”, da Unicef, entre […]
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O Brasil realiza pelo menos três vezes mais que o necessário intervenções cirúrgicas nas operações de parto. As chamadas cesarianas, que deveriam ser consideradas exceção à regra, e realizadas em situações emergenciais, viraram corriqueiras e são o método utilizado em 44% dos nascimentos no país, segundo o relatório “Situação Mundial da Infância”, da Unicef, entre 2005 e 2009. No entanto, o número recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) é de 15%.
Pelas estatísticas nacionais, os números são ainda mais altos, segundo a recém-divulgada pesquisa “Nascer no Brasil: Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento”, elaborada pelo Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz: as cesáreas representam 52% dos partos no SUS (Sistema Único de Saúde) e 88% do setor privado.
O país, no entanto, não está sozinho na preferência por esse procedimento. Pelo mundo, ele é superado por países como China e Chipre, com índices de cesarianas da ordem de 50%. Em menor grau, nos Estados Unidos, as taxas atingem 33% e na Inglaterra ficam em torno de 24%. Já nos países nórdicos, estão abaixo de 15%. Dentro da América Latina também há desequilíbrio: no México, o percentual é de 45%; no Paraguai e Uruguai, 33%; no Chile, 30%; e em Cuba, 28%; enquanto na Guatemala e no Haiti as taxas são de 16% e 6%, respectivamente.
Riscos
Esse tipo de operação apresenta uma série de riscos tanto para as mães quanto para os bebês. De acordo com Wagner Marsden, em seu artigo científico, “Choosing Caesarean Section”, uma cesárea eletiva sem característica de emergência apresenta um risco 2,84 vezes maior de morte materna do que um parto vaginal nas mesmas condições. Outros riscos incluem a morbidade associada a qualquer procedimento cirúrgico abdominal de grande porte (acidentes anestésicos, danos aos vasos sanguíneos, prolongamento acidental da incisão uterina e danos à bexiga ou a outros órgãos).
Para os bebês os problemas são ainda maiores. A chance do bisturi do cirurgião acidentalmente lacerar o feto é 1,9% maior. Além disso, o procedimento da cesariana por si só é um forte fator de risco para a síndrome da angústia respiratória em bebês prematuros, e para outras formas de disfunções respiratórias em bebês a termo. Outro perigo é a prematuridade. Mesmo com repetidas ultrassonografias, existem erros de diagnóstico sobre quando realizar a cesariana. Tanto a síndrome da angústia respiratória quanto a prematuridade são causas importantes da morbidade e mortalidade neonatais.
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