Mulheres sírias disputam copa de refugiados no Brasil
O que seria uma Copa do Mundo para seis comunidades de refugiados – formada inteiramente por times masculinos – acabou por incluir também um espaço para as mulheres. A organização do evento, uma associação que presta auxílio a refugiados e solicitantes de pedidos de refúgio em São Paulo, foi surpreendida pelo pedido de sírias que […]
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O que seria uma Copa do Mundo para seis comunidades de refugiados – formada inteiramente por times masculinos – acabou por incluir também um espaço para as mulheres.
A organização do evento, uma associação que presta auxílio a refugiados e solicitantes de pedidos de refúgio em São Paulo, foi surpreendida pelo pedido de sírias que queriam jogar.
“Estávamos falando sobre a festa com um grupo de sírios na nossa aula de português e elas, que estavam meio de canto, perguntaram: E nós?”, disse o diretor executivo do Instituto de Reintegração do Refugiado.
“Àquela altura não tivemos tempo para organizar um torneio inteiro, só um jogo. Mas já que sabemos do interesse delas, pensaremos nisso da próxima vez.”
Dana Al, de 25 anos, está há seis meses no Brasil, após passar por Líbano e Turquia. Ela diz que a brincadeira trouxe de volta lembranças da infância na terra natal.
“Eu jogava na escola e no jardim de casa, com meus primos e primas, quando eu era criança. Mas essa é a primeira vez que jogo adulta”, afirmou.
Em São Paulo, Dana é professora de idiomas e diz ter entrado no clima da Copa do Mundo. Ela já assistiu jogos na Fan fest, no centro da cidade, e na Vila Madalena, onde se encontram boa parte dos torcedores brasileiros e estrangeiros.
“Na verdade, eu quero ficar aqui (no Brasil), mas ainda tenho saudades. Tenho um sonho de voltar à Síria só por um dia e depois voltar para cá.”
Sem cansaço
Também há seis meses no Brasil, a família de Ghazal Baranbo se envolveu por inteiro na copa dos refugiados.
Seu marido, Talal Altinawi, e seu filho, Riad, defenderam o time masculino da Síria contra as nações africanas do Mali e do Congo. Ela e sua filha, Yara, de 9 anos, participaram do jogo feminino.
“É bom poder fazer outra coisa além de trabalhar”, disse Ghazal, que vende roupas de bebê em um centro comercial. Seu marido, que foi perseguido pelo regime de Assad por causa do sobrenome, é engenheiro mecânico em uma empresa.
“O Brasil é melhor que o Líbano e que a Síria. Aqui eu tenho carteira de trabalho, meu marido trabalha, meus filhos estudam. Sou feliz aqui, não tenho medo. Na Síria, Assad vai governar mais sete anos.”
Para a maioria mulheres sírias era a primeira vez em uma partida de futebol, mas nem o jejum do Ramadã as impediu de entrar em campo.
“Estou sem comer e não bebi nada desde as cinco da manhã, mas não estou sentindo cansaço. Estou muito feliz”, disse Ghazal.
De acordo com a associação de caridade Caritas Arquidiocesana de São Paulo, a cidade abriga mais de 2,3 mil refugiados e mais de 4,5 mil solicitantes de refúgio.
Com o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), a organização realizará outro torneio de futebol para refugiados em agosto, reunindo pessoas de 16 países.
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