“Israel sofreu uma derrota psicológica em Gaza”, diz vice-líder do Hamas
O vice-líder do movimento palestino Hamas, Moussa Abu Marzuq, declarou neste domingo que Israel sofreu “uma derrota psicológica” em Gaza e que também não alcançou seu objetivo principal: destruir a infraestrutura militar do grupo na Faixa. Em entrevista à Agência Efe, realizada em sua residência nos arredores de Cairo, Abu Marzuq explicou que o Hamas […]
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O vice-líder do movimento palestino Hamas, Moussa Abu Marzuq, declarou neste domingo que Israel sofreu “uma derrota psicológica” em Gaza e que também não alcançou seu objetivo principal: destruir a infraestrutura militar do grupo na Faixa.
Em entrevista à Agência Efe, realizada em sua residência nos arredores de Cairo, Abu Marzuq explicou que o Hamas se manteve em estado de “autodefesa” nestas semanas de conflito e acusou Israel de ter iniciado os ataques “sem motivos”.
“O Exército (de Israel) sofreu uma derrota psicológica no conflito em Gaza”, declarou o número dois do Hamas.
O dirigente islamita considerou que a principal conquista do Hamas ao longo da operação militar foi impedir que Israel atingisse seus objetivos na Faixa, principalmente em relação à destruição dos túneis – um plano que, segundo ele, se mostrou “fracassado”.
Estas declarações parecem servir como uma resposta direta ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que ontem afirmou que o Exército israelense não encerraria a operação em Gaza “até alcançar os objetivos e completar a destruição dos túneis”.
Para Abu Marzuq, a retirada das tropas do Exército, iniciada horas atrás na Faixa, mostra a que a ofensiva afetou as forças armadas israelenses “em alto grau”, principalmente por conta da morte de dezenas de soldados.
No entanto, o dirigente islamita não parecia querer falar em vantagens, tendo em vista que também foi enfático ao denunciar a política israelense de “terra queimada” em Gaza, na qual milhares de casas foram queimadas com famílias inteiras em seu interior, assim como cerca de 50 mesquitas e 10 hospitais.
Mais de 1.700 palestinos morreram e cerca 9 mil ficaram feridas desde o início da operação Limite Protetor no último dia 8 de julho, enquanto nenhum dos esforços mediadores e dos anúncios de trégua chegaram a um bom termo até o momento.
“Nós defendemos nosso povo e não temos nenhum objetivo nesta guerra. Foi Israel que impôs a guerra aos palestinos”, disse o dirigente do Hamas, que, segundo ele, advogou pelas negociações desde o início.
Em uma nova tentativa de impulsionar um cessar-fogo, uma delegação integrada por representantes das distintas facções palestinas – entre eles Abu Marzuq – abrem hoje uma rodada de diálogos no Cairo com mediação egípcia, embora a participação de Israel não tenha sido confirmada.
Com aspecto visivelmente cansado, mas mostrando determinação, o líder islamita expressou sua confiança em uma solução, já que, apesar do atual nível de violência, “não há guerra que não tenha fim”.
“Esperamos que as negociações cessem a agressão israelense em Gaza e que possa se consolidar uma trégua e o povo e a resistência palestina alcancem seus objetivos”, afirmou.
Apesar de mencionar inúmeras vezes a possibilidade de um cessar-fogo definitivo, o Hamas rejeitou o plano egípcio apresentado em meados de julho e, inclusive, impôs uma série de requisitos, mesmo que Abu Marzuq tenha agradecido o “indispensável papel do Egito”.
Apesar das diferenças com seu grupo, Abu Marzuq também avaliou a postura da Autoridade Nacional Palestina, liderada por Mahmoud Abbas: “Respaldam nossos direitos e vêm conosco em uma delegação unificada para defender os palestinos de Gaza”.
Neste aspecto, as reivindicações do Hamas são claras: o fim total do embargo, com a abertura das passagens fronteiriças e a liberdade de movimento tanto para população como para mercadorias, assim como a libertação das pessoas detidas “injustamente” na Cisjordânia.
Abu Marzuq exigiu o cumprimento dos pactos alcançados com Israel, especialmente o da troca de presos palestinos pelo soldado israelense Gilad Shalit em 2011 e o acordo de trégua de 2012, alcançado através da mediação egípcia e que, na ocasião, pôs fim a outra crise entre Israel e Hamas.
O “número dois” do Hamas só vê duas alternativas em relação ao fracasso das conversas: o fim unilateral da ofensiva israelense ou uma nova ocupação militar da Faixa.
A segunda opção seria “positiva para o povo palestino porque melhoraria seu nível de vida com a abertura das passagens fronteiriças” e, por outro lado, perigosa para Israel, já que seus soldados seriam um “alvo fácil para a resistência”.
“Se chegasse a fracassar o diálogo no Cairo, o Conselho de Segurança da ONU teria que desempenhar um importante papel”, disse.
Em relação a uma possível continuidade do conflito, Abu Marzuq reconheceu o “equilíbrio de forças desiguais”, mas apontou que o método de luta de “desgaste” do Hamas acabará por derrotar a Israel.
“Israel tem todo o poder militar, mas sairá derrotado na ofensiva no terreno e no que se refere aos direitos humanos, tendo em vista que será perseguido legalmente por todos os crimes cometidos perante tribunais internacionais”, concluiu Abu Marzuq.
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