Iranianos são condenados a prisão e chicotadas por gravarem vídeo “Happy”
A justiça iraniana condenou a seis meses de prisão e 91 chicotadas os seis jovens que em maio passado foram detidos por copiar o videoclipe “Happy”, de Pharrell Williams, segundo informa o site da Campanha Internacional pelos Direitos Humanos no Irã. Também foi condenado o acusado de dirigir a gravação. Os sete, que foram julgados […]
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A justiça iraniana condenou a seis meses de prisão e 91 chicotadas os seis jovens que em maio passado foram detidos por copiar o videoclipe “Happy”, de Pharrell Williams, segundo informa o site da Campanha Internacional pelos Direitos Humanos no Irã. Também foi condenado o acusado de dirigir a gravação.
Os sete, que foram julgados na semana passada, foram declarados culpados de “participar da produção de um vídeo vulgar” e “manter relações ilícitas”. No entanto, a aplicação das penas foi suspensa e por isso eles não serão privados de liberdade. A sentença foi divulgada às vésperas da visita do presidente Hassan Rohani a Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU.
De acordo com as fontes dessa ONG com sede em Washington, os advogados de defesa apresentaram queixas pelo tratamento policial e as revistas nas casas dos réus durante sua detenção. Também objetaram contra a acusação de “relações ilícitas”, o que no Irã significa qualquer contato entre pessoas de sexos diferentes sem relação familiar direta.
Os jovens agora condenados dançavam juntos no vídeo, que teve um grande sucesso de visitas na internet e causou o escândalo das puritanas autoridades iranianas. Além disso, as garotas apareciam sem véus na cabeça, o que é obrigatório para todas as mulheres dentro do país.
A detenção dos jovens, em maio, provocou uma grande reação internacional. Sua libertação após o pagamento de fianças elevadas revelou que eles foram maltratados durante a detenção. Além disso, a televisão estatal divulgou uma gravação em que eles “confessavam” o suposto delito e expressavam remorso, uma prática habitual no Irã e que foi repetidamente condenada pelas organizações de direitos humanos.
Acontece que o acusado de dirigir o vídeo, Sasan Soleimani, realizou as fotos da campanha presidencial de Rohani em 2013 e foi quem sugeriu a seus responsáveis a cor roxa para identificar o candidato, segundo contou ele mesmo à revista “Zendegui”. Um tuíte do presidente pouco depois da detenção dos jovens foi interpretado como um gesto de apoio.
“A #felicidade é o direito de nosso povo. Não devemos ser duros demais com os comportamentos causados pela alegria”, foi o que apareceu em sua conta no Twitter em 21 de maio. Era uma mensagem que já havia sido difundida durante um discurso em junho de 2013, duas semanas depois de ganhar as eleições.
A distância entre essa atitude compreensiva e as condenações conhecidas hoje (embora ainda não tenham sido anunciadas oficialmente) revela as tensões que existem entre os setores moderados e os mais radicais dentro do regime iraniano. Talvez seja apenas uma coincidência que a sentença ocorra às vésperas da visita de Rohani à ONU, mas sem dúvida isso vai ressaltar, diante de seus interlocutores, a enorme distância que existe entre a retórica e a situação dos direitos humanos.
Todos os acusados estiveram presentes no julgamento, que se realizou no último dia 9. Além de Soleimani, os jovens condenados são Neda Motameni, Afshin Sohrabi, Bardia Moradi, Roaham Shamekhi, uma jovem identificada só como Sepideh e Reyhaneh Taravati. No caso desta última, que figurava como diretora artística da gravação, a pena se eleva a um ano de prisão porque ela também era processada por “subir e distribuir o vídeo no YouTube” e por “posse de álcool” em sua residência.
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