Em crônica, jornalista mostra porque futebol deve ser analisado pela paixão e não pela razão

A maravilhosa vitória brasileira de 3 x 1 sobre a Croácia está tentando ser desmerecida por significativa parte de “nossa” crônica esportiva, sob a alegação de que o escrete canarinho foi beneficiado por um erro do juiz no lance envolvendo o pênalti em Fred. Como chamaria Nelson Rodrigues, os IDIOTAS DA OBJETIVIDADE tratam um eventual […]

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A maravilhosa vitória brasileira de 3 x 1 sobre a Croácia está tentando ser desmerecida por significativa parte de “nossa” crônica esportiva, sob a alegação de que o escrete canarinho foi beneficiado por um erro do juiz no lance envolvendo o pênalti em Fred.

Como chamaria Nelson Rodrigues, os IDIOTAS DA OBJETIVIDADE tratam um eventual erro, simulação ou exagero na queda de Fred como algo externo ao futebol. Bobagem. Enquanto a arbitragem for feita por seres humanos, o futebol sempre será passível de erros por simulações ou encenações, que fazem parte do futebol e o tornam tão apaixonante. O que, aliás, ocorre até no suposto excessivamente racional xadrez.

Seguindo a lógica desses analistas, deveríamos cassar um dos títulos da Argentina (1986), depois do belo, teatral e genial gol de mão feito por Maradona contra a Inglaterra, que foi considerada a “mão de Deus”, antes mesmo de o Papa ser argentino.

Renato Maurício Prado, no jornal O Globo de 14 de junho, atribuiu média 5 a Fred. Como jogador 0 e como ator 10. Senhor Renato Prado, ator e jogador são uma coisa só! Mesmo antes de Shakespeare e Darwin existirem. Leia HOMO LUDENS, de Johan Huizinga.

Mas os “nossos” cronistas esportivos e os analistas de arbitragem – COMENTARISTAS DE REPLAY – querem macular, pôr em xeque a nossa bela e dramática vitória. Se equivocam, pois ela foi maravilhosa e incontestável!

Maravilhosa, pois o alegre e impetuoso Marcelo, campeão da Liga dos Campões da Europa pelo Real Madrid, já aos 10 minutos impôs à Arena Corinthians, a todo o país e para não dizer ao planeta (com exceção da Croácia) o mais profundo e horroroso silêncio, com o seu involuntário, imprevisível e indefensável gol contra. Um silêncio tão ou mais intenso do que o uruguaio Ghiggia impôs ao Maracanã em 1950. Aliás, atribuir méritos significativos ao time da Croácia pelo gol é mais uma evidencia da IDIOTICE OBJETIVA de muitos desses analistas. Foi claramente um gol acidental! Mas também foi mais um ingrediente dessa paixão chamada futebol.

Incontestável, pois com raça e determinação, o escrete canarinho construiu uma soberba e sólida virada, que somente os “nossos” cronistas, com suas lupas objetivas, não conseguem enxergar.

Ido michels é professor de Psicologia Econômica da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e assessor parlamentar na Câmara de Deputados.

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